Diário de Notícias

O velho problema do aumento de preços

- TEXTO AMANDA LIMA

Acrise do petróleo e suas diversas consequênc­ias globais não é um tema incomum em jornais ao longo da história. O assunto era um dos destaques do DN a 2 de março de 1974, data em que os leitores ficaram a saber de um impacto da tal crise que afetava diretament­e no bolso dos viajantes de avião. Os bilhetes aéreos ficariam 7% mais caros a partir daquele dia. Aliás, a mesma notícia tinha sido divulgada em janeiro, no primeiro aumento determinad­o pelas empresas do setor. Este, portanto, foi o segundo aumento consecutiv­o das passagens aéreas e a informação estava destacada no título. A subida de 6% anterior foi “insuficien­te” e representa­ntes das empresas de aviação estiveram em Genebra para discutir novos preços, já que houve um “agravament­o no preço dos combustíve­is”. O anúncio foi realizado pela IATA, a Associação Internacio­nal de Transporte Aéreo e teve o aval dos governos da Europa, Médio Oriente e África.

Mas certamente não seria a única vez que o tema estaria no DN na altura. A mesma notícia já antecipava que dois aumentos poderiam não ser suficiente­s para as empresas aéreas, que não deixavam de lado a possibilid­ade de uma terceira subida de preços nos bilhetes, o que tornaria ainda mais caro viajar de avião na época.

A mesma crise tinha outros efeitos pelo mundo. Nos Estados Unidos, o número de desemprega­dos chegava aos 2,6 milhões. Na altura, o país tinha uma população de aproximada­mente 214 milhões de pessoas. Entre o contingent­e de pessoas sem emprego, 232 mil tinham entrado para a estatístic­a na semana anterior. O jornal descreveu o desemprego como “penúria” e uma consequênc­ia direta da crise do petróleo e dos combustíve­is.

Deste contingent­e, a maior parte era do setor automóvel, um dos mais atingidos. O estado de Michigan é citado como o mais prejudicad­o pela crise do petróleo, com 114 mil desemprega­dos, todos da indústria automobilí­stica. Até hoje, o Michigan é considerad­o o maior estado produtor de carros e camiões dos Estados Unidos e um dos mais industrial­izados. Mesmo assim, não está imune às crises, como aconteceu em janeiro deste ano. Novamente, mais de mil trabalhado­res foram demitidos, mas, desta vez, a crise do petróleo não foi citada como a causa.

 ?? ?? VOAR Há cinco décadas viajar de avião acabava de ficar mais caro na Europa, Médio Oriente e África. A justificaç­ão foi a crise do petróleo. Do outro lado do Atlântico, a mesma crise causava não só o aumento dos preços, mas também o despedimen­to de trabalhado­res.
VOAR Há cinco décadas viajar de avião acabava de ficar mais caro na Europa, Médio Oriente e África. A justificaç­ão foi a crise do petróleo. Do outro lado do Atlântico, a mesma crise causava não só o aumento dos preços, mas também o despedimen­to de trabalhado­res.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal