Berlim acusa a Rússia de desestabilização ao divulgar vídeo com oficiais alemães
Ataque de drone russo contra a cidade ucraniana de Odessa fez dez mortos, três dos quais crianças. Moscovo espera mais ações na Crimeia.
Oministro da Defesa alemão acusou ontem o presidente russo, Vladimir Putin, de tentar “desestabilizar” o país, na sequência da transmissão, a partir da Rússia, de conversas confidenciais entre oficiais alemães sobre o fornecimento de armas à Ucrânia.
“O objetivo é claramente minar a nossa unidade (...), semear a divisão política em casa, e espero sinceramente que Putin não tenha sucesso e que permaneçamos unidos”, defendeu Boris Pistorius, acrescentando que a divulgação da gravação é simplesmente uma tentativa de “desestabilizar” e pôr em causa a unidade do país.
Uma gravação áudio de uma reunião por videoconferência de oficiais de alta patente foi publicada nas redes sociais da Rússia na sexta-feira. Nesta conversa, os participantes discutiram a possibilidade de entregar mísseis de longo alcance Taurus de fabrico alemão a Kiev, o que seria necessário para permitir que as forças ucranianas os utilizassem e o seu possível impacto.
O Ministério da Defesa alemão confirmou no sábado que a gravação era autêntica e que tinha sido “intercetada”. O seu conteúdo é embaraçoso para a Alemanha, uma vez que Berlim se recusa oficialmente a entregar mísseis Taurus a Kiev, argumentando que existe o risco de uma escalada da guerra.
Além disso, os oficiais são ouvidos a revelar pormenores sobre a forma como o Reino Unido e a França estão a ajudar o exército ucraniano a utilizar os mísseis Scalp que os dois países estão a fornecer a Kiev.
Dez mortos em Odessa
Uma mulher e um bebé de oito meses foram encontrados ontem entre os escombros do edifício atingido por um drone russo em Odessa na sexta-feira à noite, elevando para dez o número de mortos, anunciaram as autoridades ucranianas.
O presidente ucraniano detalhou que três das dez vítimas mortais eram crianças. “Marc, que nem sequer tinha três anos, Elizaveta, de oito meses, e Timothée, de quatro meses”, referiu Volodymyr Zelensky. “As crianças ucranianas são alvos militares da Rússia”, denunciou.
Já o Ministério da Defesa russo anunciou ontem que as suas baterias antiaéreas abateram 38 drones ucranianos sobre os céus da península da Crimeia, anexada ilegalmente por Moscovo. Tal como tem sido frequente, Moscovo acusou Kiev de tentar cometer “um ato terrorista” contra o território russo.
A Rússia espera uma intensificação dos ataques à medida que se aproxima o décimo aniversário da anexação, a 18 de março, dia seguinte às eleições presidenciais, nas quais Vladimir Putin concorre à reeleição.