Economia vai dominar “Duas Sessões” na China
Negócios Estrangeiros e da Defesa poderão passar a ter novos ministros, depois do afastamento misteriosos dos anteriores titulares. Primeiro-ministro chinês deve apresentar uma meta de crescimento de 5% da economia para este ano, um valor igual ao que foi
O presidente Xi Jinping parece estar tranquilo com os recentes problemas da China no mercado.
Aeconomia deverá ser o assunto dominante da edição deste ano do maior evento político da China, as chamadas “Duas Sessões” – a Assembleia Nacional Popular (APN), que começa amanhã, e a Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), que arranca já hoje. Em cima da mesa poderá estar também uma remodelação governamental.
Já amanhã, o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, irá apresentar uma revisão de 2023 e anunciar qual é a meta do governo quanto ao crescimento da economia para este ano. Parece haver um consenso entre os analistas de que será semelhante ao apresentado nas “Duas Sessões” do ano passado, ou seja, cerca de 5%, mantendo a China no caminho traçado pelo presidente Xi Jinping de duplicar a economia até 2035 e alcançar a chamada “modernização ao estilo chinês”. Jeremy Zook, analista chefe do mercado chinês na Fitch Ratings, explicou à AP que a sua previsão é de um crescimento de 4,6%, mas que estabelecer uma meta mais baixa daria um sinal de que Pequim iria apoiar menos a economia, o que diminuiria os níveis de confiança.
“Os sinais políticos dados antes da Assembleia Nacional Popular sugerem que Xi está relativamente imperturbado pelos recentes problemas da China no mercado e estará a apontar as suas armas em políticas económicas”, escreveu Neil Thomas, do Centro de Análise da China da Asia Society, acrescentando que haverá mensagens positivas para empresas privadas e investidores estrangeiros, mas não são esperadas mudanças na estratégia do presidente Xi Jinping quanto ao reforço do controlo da economia por parte do Partido Comunista Chinês. “A prioridade das prioridades é estabilizar a economia”, declarou à Reuters Zong Liang, chefe de pesquisa no Bank of China.
São também apontadas possíveis mudanças no elenco governamental, nomeadamente os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, duas pastas cujos anteriores titulares tiveram um afastamento não esclarecido. No final de fevereiro, o portal da Comissão Militar do Partido Comunista da China deixou de incluir entre os seus membros o antigo ministro da Defesa Li Shangfu – Li foi destituído da pasta da Defesa a 24 de outubro, depois de ter estado ausente da vida pública durante cerca de dois meses, sem que tenha sido dada qualquer razão para a sua ausência, que se prolonga até agora.
Já o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros chinês Qin Gang, foi deposto em julho, depois de ter também desaparecido da vida pública durante várias semanas. Em fevereiro, demitiu-se do cargo de deputado da APN, que não deu pormenores sobre as razões da demissão do antigo ministro.
Qin foi substituído como líder da diplomacia chinesa pelo seu antecessor, Wang Yi, mas muitos acreditam que esta foi uma nomeação temporária. Os nomes mais falados são Liu Jianchao, um quadro superior do partido e antigo embaixador nas Filipinas e Indonésia que nos últimos meses tem participado em vários encontros diplomáticos na Europa, Estados Unidos, África e Austrália. Quanto à pasta da Defesa tudo indica que Dong Jun, assumirá de forma definitiva a pasta onde estava até agora apenas como interino.