Militares reclamam atenção e mantêm intenção de protestos
Associações pedem a Marcelo e ao próximo Governo “a atenção que os militares merecem” e garantem que usarão toda as formas de luta permitidas
As associações representativas de oficiais, sargentos e praças das Forças Armadas enviaram ontem um ofício à Presidência da República pedindo ao chefe de Estado e ao próximo Governo “a atenção que os militares merecem”.
Neste documento, as três associações, que no final de fevereiro admitiram a possibilidade de protestos de militares nas ruas caso o próximo executivo responda às reivindicações das forças de segurança mas não dê “uma atenção especial” às Forças Armadas, escrevem que mantêm esta intenção, considerando que estará salvaguardado o respeito pela lei.
As três associações lembram que “sempre defenderam os direitos dos militares, em diversas iniciativas, tendo sido a última das quais em novembro de 2022, junto à residência oficial do primeiro-ministro, cumprindo a Lei e os princípios constitucionais”.
“A Associação Nacional de Sargentos, a Associação de Oficias das Forças Armadas e a Associação de Praças pretendem que os direitos dos Militares sejam defendidos e respeitados. E continuaremos nessa senda, até vermos esses direitos consagrados. Como afirmámos, essa defesa passará por todas as formas de luta que nos são permitidas, dentro do cumprimento da Lei e da Constituição”, garantem.
As três associações escrevem ainda que “têm vindo a público” informações que consideram “despropositadas e descontextualizadas” sobre a sua “opinião difundida e a ação passada, presente e futura”. “Estamos e estaremos atentos a tudo aquilo que possa, eventualmente, desprestigiar as Forças Armadas”, lê-se no texto.
As três associações têm salientado que não estão contra as reivindicações das forças de segurança, PSP e GNR, manifestando a sua solidariedade.
No passado dia 28, numa visita à Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), o Presidente da República recusou-se a comentar eventuais protestos de militares nas ruas, remetendo para declarações que já fez sobre o tema, nomeadamente quando promulgou o suplemento de missão para a Polícia Judiciária. Na altura, Marcelo Rebelo de Sousa instou o próximo executivo a corresponder à “justa insatisfação” das outras forças policiais e referiu a “contestação pública” de associações das Forças Armadas.
Depois da hipótese de protestos ter sido levantada, a ministra da Defesa, Helena Carreiras, e o chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Henrique Gouveia e Melo, censuraram as declarações das associações representativas dos oficiais, sargentos e praças das Forças Armadas que, por sua vez, contestaram estes dois responsáveis e defenderam o seu direito a protestar.