Surtos de meningite “não são alarmantes”
Opaís vivia por estes dias alarmado com o número de casos de meningite, mas o diretor-Geral da Saúde, professor Arnaldo Sampaio, entre tanto alvoroço, deixava uma palavra de serenidade. “Os casos de meningite surgidos nos últimos tempos em diferentes localidades do país não têm qualquer caráter epidémico e não justificam o alarme que parece instalar-se em alguns setores da população”, disse ao DN.
Não havia, pois, motivos para especiais receios. Arnaldo Sampaio – pai de Daniel e Jorge Sampaio – era um reconhecido especialista em Saúde Pública, formado na famosa escola médica norte-americana John Hopkins, criador do Centro Nacional da Gripe e membro do Comité Executivo da Organização Mundial de Saúde. Se Arnaldo Sampaio dizia – era verdade!
O alarme, segundo o DN, surgiu com “os acontecimentos registados, primeiramente, no Norte, que uma nota da Direção de Saúde do Porto, publicada na Imprensa, viria a classificar de caos meramente esporádicos.
Posteriormente, registou-se um caso mortal em Carcavelos, de que foi vítima uma menina de 6 anos.
Também na Parede morreu em consequência de meningite uma outra menina. Em Almada, foi detetada a doença num rapaz de 6 anos.
“O número de casos registados até agora pode considerar-se trivial. No ano passado, houve muitos mais diagnósticos da doença e não se falou nela tanto como agora”, afirmou Arnaldo Sampaio.
O médico, ainda assim, estava preocupado com a eficácia dos tratamentos. Os vários antibióticos que estavam, então, ao serviço da medicina, segundo Arnaldo Sampaio, podem não ter o efeito de cura que lhes é atribuído. A morte do doentes tem uma explicação.
“Os médicos receitam indiscriminadamente antibióticos para alcançar um êxito rápido. Sucede que as bactérias contra as quais são lançados acabam por criar resistências, numa forma de autodefesa, tornando-se depois insensíveis àquele processo de tratamento. Considera-se, portanto, fundamental vigiar cuidadosamente o doente, pois pode suceder que não reaja ao antibiótico. No caso da meningite, é preciso saber qual o medicamento taxativamente indicado para a bactéria infetante”, esclareceu Arnaldo Sampaio.