Diário de Notícias

Os indecisos que decidem

- Pedro Cruz Jornalista

Acossadas pelos chamados comentador­es e políticos, expostas num recente livro que explica por que falham as sondagens, as empresas que as fazem perceberam, finalmente, a importânci­a que os estudos de opinião podem ter numa campanha eleitoral e, até, no resultado eleitoral.

Desta vez, numa eleição incerta por várias razões, optam por divulgar os indecisos, em vez de os distribuir segundo uma fórmula matemática que avalia o histórico de outras eleições e os padrões de comportame­nto esperados.

Acredito que os indecisos estão entre PS e AD. Na grande maioria, quem vota nos partidos mais pequenos já fez a sua escolha. E é precisamen­te até que reside o poder de decisão que está nas mãos dos indecisos. Um eleitorado flutuante, nada fiel, que escolhe com base em critérios também eles diversos. Um deles é a dinâmica de vitória – todos gostam de votar em quem ganha. Outro, no caso destas legislativ­as, em que os dois candidatos à liderança do Governo são estreantes, torna a escolha mais difícil precisamen­te por não haver um incumbente. Por fim, entra nas contas o carisma, a forma como os líderes chegam a cada uma destas pessoas. Nisso, a campanha eleitoral ajuda. Reforça ou repele uma ideia dos candidatos que ainda não estaria totalmente consolidad­a.

Dito isto, continua a haver indecisos que o serão mesmo até entrarem na cabine de voto. As famosas sondagens também dizem que cerca de cinco por cento dos votos são decididos apenas quando se pega na caneta, na solidão da consciênci­a e do retábulo do voto.

Fazem bem, as empresas de sondagens, em assinalare­m os indecisos. Nestes poucos dias que faltam até 10 de março, será para eles que vão falar Pedro Nuno e Montenegro. Os outros ou já estão garantidos ou já estão perdidos.

Os indecisos tornam-se assim, o alvo eleitoral mais apetecível. É preciso convencer quem ainda não foi convencido. Quem ainda tem o voto em aberto, o tal voto que acaba por decidir.

Continuida­de ou mudança? Governabil­idade ou instabilid­ade? Maioria de esquerda ou de direita? Está nas mãos destes indecisos se teremos Governo, e que Governo, ou se vamos a eleições em breve, outra vez. E há outra razão para a decisão. Ninguém, ninguém do chamado povo queria eleições. Foi por isso que há dois anos deram ao PS uma maioria absoluta. E agora?

Decidam-se, porra!

Os indecisos tornam-se assim, o alvo eleitoral mais apetecível. É preciso convencer quem ainda não foi convencido. Quem ainda tem o voto em aberto, o tal voto que acaba por decidir.”

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