Diário de Notícias

UE mantém objetivo de “redução voluntária” de 15% no consumo de gás

Bruxelas considera que apesar da “melhoria geral” na utilização de gás nos 27 Estados-membros da União Europeia, a situação “nos mercados globais permanece exigente”. A medida de poupança no consumo de gás foi adotada em 2022, como resposta de emergência

- TEXTO JOÃO FRANCISCO GUERREIRO, EM BRUXELAS joao.f.guerreiro@tsf.pt

Os ministros com a pasta da Energia da União Europeia considerar­am, ontem, que “ainda é necessário” reduzir a procura de gás, de modo a garantir a segurança energética, e adotaram um acordo político sobre a recomendaç­ão da Comissão Europeia, para a redução voluntária de 15%, até à primavera de 2025.

No Conselho de Energia, que decorreu em Bruxelas, os ministros fizeram um acompanham­ento da situação atual, salientand­o que a segurança do abastecime­nto na União Europeia “melhorou significat­ivamente desde 2022”. No entanto, decidiram prolongar a medida que tem em vista reduzir a “procura coordenada” de gás, “para garantir armazename­nto de gás suficiente para o próximo inverno”.

No final da reunião, a ministra belga da Energia, que detém a presidênci­a em exercício do Conselho da União Europeia, Tinne Van der Straeten garantiu que os 27 mantêm-se “preparados” para tomarem medidas, face a “qualquer interrupçã­o no abastecime­nto [de gás]”.

A medida tinha sido adotada em 2022, como resposta de emergência à crise energética, na sequência da guerra lançada pela Rússia contra a Ucrânia, tendo em vista “garantir a continuida­de da segurança do abastecime­nto e conter a volatilida­de dos preços”. Em março de 2023, este instrument­o foi prolongado, devendo terminar no final deste mês de março de 2024.

A Comissão Europeia considera, no entanto, que a apesar da “melhoria geral” registada ao longo dos últimos dois anos, a situação “nos mercados globais permanece exigente”. Por essa razão, os Estados-membros prolongam, por mais um ano, a medida. O acordo político precisará ainda de ser formalment­e adotado pelo Conselho, e a adoção da recomendaç­ão deverá ocorrer, “o mais tardar, em março de 2024”, refere a nota do conselho.

TinneVan der Straeten assegurou que o acordo político alcançado, ontem, “mostra o compromiss­o” dos 27 para “continuare­m preparados contra qualquer interrupçã­o no abastecime­nto” de gás, de modo a “garantir um inverno seguro, para os cidadãos e para as indústrias”.

A decisão agora fechada politicame­nte deverá permitir aos Estados-membros “tomarem medidas adequadas para a segurança do abastecime­nto”, mas também “a transposiç­ão das diretivas sobre eficiência energética e energias renováveis, em 2025”, refere uma nota do conselho de União Europeia, onde se frisa que as duas vias “contribuir­ão para a redução estrutural da procura no futuro próximo, enquanto alcançam os objetivos de descarboni­zação da UE”.

Bruxelas reconhece, porém, a existência de “uma capacidade de interligaç­ão limitada”, bem como “circunstân­cias específica­s, como a dessincron­ização, os sistemas isolados”. A Comissão recomenda a manutenção também de outras medidas previstas no regulament­o de redução, como a monitoriza­ção e o relatório da redução da procura de gás, por setor, e solicita que seja informada, sempre que sejam adotadas novas medidas.

Van der Straeten destacou que a UE já “percorreu um longo caminho desde 2022”, com a “adoção de medidas coordenada­s” para responder à crise energética “causada pela guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia”.

Em 2022, em resposta à invasão russa da Ucrânia, os Estados-membros decidiram diversific­ar os fornecedor­es de gás, reduzindo a dependênci­a da Rússia de 50%, para cerca de 15%, em 2023.

No verão de 2022, o preço do gás atingiu um nível histórico, “quando atingiu mais de 300 euros por megawatt-hora (MWh)”. Porém, o preço vem a diminuir desde então, mantendo-se “relativame­nte estável” e, no final de 2023, o “gás custava 34 euros/MWh”, ou seja “quase nove vezes menos do que no pico da crise”.

De acordo com a Comissão Europeia, o consumo de gás caiu mais de 18% em 2022 e 2023, quando comparado com os cinco anos anteriores. Em outubro de 2023, as reservas de gás na União Europeia encontrava­m-se preenchida­s a 99% da capacidade. E, as renováveis têm atingido níveis recordes de produção e em capacidade instalada. A título de exemplo, Bruxelas refere que “2022 foi um ano recorde para a energia solar, com 41 gigawatts de capacidade fotovoltai­ca instalada”, o que representa “mais 60% do que em 2021”, quando a capacidade era de “26GW”.

A Comissão destaca que “em maio de 2022”, foi gerada pela primeira vez na UE mais eletricida­de a partir de energia eólica e solar do que através de combustíve­is fósseis”.

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Ministra belga da Energia diz que UE está preparada para “qualquer interrupçã­o no abastecime­nto” de gás.

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