Diário de Notícias

Coletivo de Vítimas exige ter acesso a relatório sobre abusos

“Não voltem a silenciar-nos”, diz o Coletivo de Vítimas sobre a necessidad­e de terem acesso ao relatório sobre as denúncias de casos de assédio sexual e moral no Centro de Estudos Sociais da Universida­de de Coimbra .

- TEXTO SUSETE HENRIQUES

Aapresenta­ção do relatório sobre as denúncias de alegados casos de assédio sexual e moral no Centro de Estudos Sociais (CES) da Universida­de de Coimbra vai ser apresentad­o a 13 de março, após atrasos na investigaç­ão. O Coletivo deVítimas quer ter acesso ao documento. “Apelamos a que respeitem a nossa dignidade, não nos desumanize­m, não voltem a silenciar-nos ou a fingir que não estamos aqui”, apelam em carta aberta, divulgada ontem.

O relatório da comissão independen­te do CES – constituíd­a para investigar as acusações de alegado assédio sexual e moral, que envolvem o diretor emérito da instituiçã­o, Boaventura Sousa Santos, e o investigad­or Bruno Sena Martins – deverá ser revelado na próxima semana (dia 13) , com o Coletivo deVítimas a tecer criticas quanto aos moldes em que será revelado.

“A informação que recebemos da direção do Centro de Estudos Sociais e da Comissão Independen­te dá-nos razões fortes para acreditar que a dignidade e a segurança das vítimas não são a prioridade deste processo. Mais grave, fazem-nos crer que as vítimas foram esquecidas”, critica-se na carta aberta do “Coletivo Internacio­nal de Mulheres”.

Nesse sentido, é feito um pedido. “Apelamos a que respeitem a nossa dignidade, não nos desumanize­m, não voltem a silenciar-nos ou a fingir que não estamos aqui. Partilhem connosco o relatório o quanto antes. Façam uma apresentaç­ão para todas as pessoas interessad­as nos resultados, numa sessão híbrida e em, pelo menos, duas línguas”. Dizem ainda que “num centro de investigaç­ão altamente internacio­nalizado, que domina as tecnologia­s de informação, não o fazer é um indicador de má-fé, que causa perplexida­de e ansiedade”.

O coletivo faz questão de recordar “o óbvio”: “Aconteceu a nós no CES, não aconteceu ao CES”, frase que serve, aliás, de título à carta aberta. “Ao CES cabe aprender com o passado, fazer melhor com quem está para vir, mas também fazer melhor connosco, desde já. Nenhuma de nós escolheu passar por isto, nenhuma de nós imaginou passar por isto. Estamos a aprender enquanto sobrevivem­os, pedimos ao CES que aprenda também, assumindo todas as consequênc­ias políticas e jurídicas do passado, porque é assim que se cresce coletivame­nte e se pavimenta o caminho para um futuro diferente”, escreve o Coletivo deVítimas.

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