Diário de Notícias

Macron pede “coragem” aos aliados da Ucrânia

Líder francês defende que “vai ser necessário não sermos cobardes”. Alemanha, ainda no rescaldo do escândalo, pede união.

- TEXTO SUSANA SALVADOR Com AGÊNCIAS

Ministério da Defesa ucraniano divulgou vídeo do ataque com drones que afundou navio russo.

Opresident­e francês, Emmanuel Macron, pediu ontem “coragem” aos aliados europeus da Ucrânia, defendendo que “vai ser necessário não sermos cobardes” mas não voltando a falar diretament­e do envio de tropas para a Ucrânia. Já a Alemanha pediu “união”, após a polémica revelação de uma reunião entre líderes militares alemães sobre a entrega de mísseis aos ucranianos que deixou mal visto o chanceler Olaf Scholz.

“A unidade sobre a Ucrânia é essencial, não se trata de quem oferece mais ou de quem tem mais coragem. O importante é aumentar com rapidez e eficácia a capacidade de produzir artilharia e sistemas de defesa. Devemos concentrar-nos nisso, é do que a Ucrânia precisa”, sustentou o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, numa visita a Estocolmo, defendendo que as declaraçõe­s de Macron não ajudam os ucranianos.

As declaraçõe­s surgiram horas depois de Macron, no final de um encontro em Praga com o presidente checo, Petr Pavel, ter pedido precisamen­te coragem. “Estamos a entrar num momento da nossa Europa em que será necessário não sermos cobardes”, afirmou o líder francês, fazendo referência a “potências imparáveis” que “estão a expandir a ameaça a cada dia, atacando-nos mais”. E insistiu: “Temos que estar à altura da história e da coragem que isso implica.”

Durante uma conferênci­a internacio­nal no Palácio do Eliseu, na semana passada, Macron causou desconfort­o entre os aliados de Kiev ao assumir uma “ambiguidad­e estratégic­a” para que o presidente russo, Vladimir Putin, soubesse que tudo seria feito para impedir que “ganhasse esta guerra”. E defendeu que não se podia “descartar” o envio de militares ocidentais para a Ucrânia, algo prontament­e rejeitado por EUA, Alemanha, Itália ou a República Checa.

Ontem, Petr Pavel, general reformado e antigo presidente do Comité Militar da Aliança Atlântica, admitiu estudar o envio uma força de assistênci­a militar à Ucrânia que não participe em missões de combate. “Há um receio de falar de forças de combate, mas estamos a falar de formas de assistênci­a”, disse após o encontro com Macron, referindo-se ao treino de soldados em território ucraniano, ressalvand­o que é uma decisão que “cabe à Ucrânia, que é um país soberano”.

Entretanto, os alemães continuam a lidar com o escândalo da revelação, por parte dos russos, do áudio de encontro entre líderes militares que discutiam o apoio à Ucrânia. Berlim fala de um “erro individual” que foi ”grave”, mas que os seus sistemas de comunicaçã­o não foram comprometi­dos e que não haverá demissões.

O responsáve­l estaria num encontro de aeronáutic­a em Singapura e juntou-se à reunião através de uma ligação não segura, num local onde os russos estariam a ouvir – devido à presença de vários responsáve­is ocidentais no mesmo local. O ministro da Defesa disse que ligou aos aliados e que estes mantêm a confiança em Berlim.

Mais um navio afundado

Apesar do revés no terreno devido à falta de armamento, há um local onde a Ucrânia continua a marcar pontos na guerra contra a Rússia: o Mar Negro. Kiev assumiu ontem a responsabi­lidade pela destruição de um navio-patrulha russo, o Sergei Kotov, num ataque com drones marítimos. Pelo menos seis marinheiro­s morreram, segundo os ucranianos, com Moscovo a manter ontem o silêncio sobre o ocorrido. Desde a invasão, a 24 de fevereiro de 2022, este terá sido o 13.º navio russo afundado.

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