Diário de Notícias

Uma pedra da Lua para Américo Thomaz

- TEXTO MANUEL CATARINO

Era disto, cerimónias levezinhas e visitas de cortesia, que o Presidente da República gostava: tudo o que não o obrigasse a pensar – e não o deixasse “entontecid­o”, como por vezes se queixava das obrigações oficiais – era do maior agrado do almirante Thomaz. Não se sabe nada sobre a agenda presidenci­al deste dia de há 50 anos. Mas o final da tarde, segundo o DN, foi agradabilí­ssimo para sua excelência.

A veneranda figura recebeu no Palácio de Belém o embaixador americano em Lisboa, Stuart N. Scott – que lhe fez a oferta, em nome do presidente Nixon, de uma amostra de rocha lunar e uma bandeira portuguesa transporta­da pela Apolo 17 na sua viagem à lua.

A missão da Apolo 17, realizada em dezembro de 1972, foi a sexta missão tripulada à superfície lunar.

A visita do embaixador a Belém – na qual esteve presente o ministro dos Negócios Estrangeir­os, Rui Patrício – “revestiu-se”, segundo o Diário de Notícias, “de muita cordialida­de”.

O diplomata disse ao almirante Américo Thomaz que a rocha e a bandeira portuguesa eram ofertas do presidente Richard Nixon e do povo americano – “a Vossa Excelência e ao povo português”.

O embaixador explicou o significad­o da pedra: “Esta pequena rocha, símbolo do triunfo do Homem em busca de novos conhecimen­tos, representa, neste século, a abertura de novas fronteiras tal como representa­ram, no século XV, as descoberta­s dos navegadore­s portuguese­s, abrindo nessa época novos caminhos ao progresso.”

Oitenta estudantes de seis continente­s visitaram os Estados Unidos, sob o patrocínio da Agência Espacial Norte-Americana (NASA), testemunha­ram o lançamento da Apolo 17 e visitaram instalaçõe­s científica­s. Portugal foi representa­do nessa visita por António Carrapatos­o, estudante do Liceu Garcia de Orta, do Porto.

“Espero que tanto a pedra lunar como a bandeira portuguesa sirvam como exemplos dos triunfos conseguido­s pelos descobrido­res portuguese­s e contribuam para estreitar ainda mais os laços de amizade que unem os nossos dois países”, disse o embaixador Scott.

O almirante Thomaz “apreciou com muito interesse a oferta”– e manifestou-se “profundame­nte reconhecid­o com a lembrança do presidente Nixon”.

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