Pedro Nuno Santos intensifica discurso do medo e pressão sobre os indecisos
Dia de campanha mínima para o líder do PS, ontem, a ganhar balanço para os banhos de multidão que espera no Porto, em Aveiro, hoje, e amanhã em Lisboa e em Setúbal.
Acampanha aproxima-se do fim – faltam dois dias – e a mensagem dos socialistas vai ficando cada vez mais simples e direta. Mensagem 1: a AD “não é de confiança” e “ao primeiro aperto” não hesitará em cortar nas pensões e nos salários da Função Pública; Mensagem 2: os indecisos – sobretudo as mulheres e os idosos (os segmentos do eleitorado onde o PS é mais forte) devem deixar-se de indecisões e votar no partido.
Ontem Pedro Nuno Santos resumiu a sua campanha a apenas duas “arruadas” – o seu dia mais leve desde que se lançou à estrada. E fê-lo a jogar em casa, escolhendo municípios de liderança socialista, primeiro no Barreiro (Distrito de Setúbal) e depois em Torres Vedras (círculo eleitoral de Lisboa). A necessidade de participar no programa de Ricardo Araújo Pereira na SIC inviabilizou qualquer iniciativa noturna. O almoço também foi privado, e mais uma vez por imposição da televisão: uma entrevista à RTP.
O partido fez-se comparecer em ambas as iniciativas, mobilizado q.b. . Sendo um dia normal de trabalho, a população escasseava, tanto numa localidade como noutra. No Barreiro, o secretário-geral do PS percorreu a artéria comercial central da cidade, terminando a arruada no Mercado Municipal, já passava das 13.00 horas. Ou seja: com o mercado praticamente vazio, tirando alguns comerciantes. E foi aqui que discursou para quatro ou cinco dezenas de apoiantes que o tinham acompanhado antes nos contactos com a população.
“O que querem é retrocesso”
Aproveitando a presença na campanha da AD de figuras como Pedro Passos Coelho, Paulo Portas ou Assunção Cristas, foi direto ao assunto: “Ninguém quer voltar a 2015” e “os nomes que a AD nos tem apresentado todos os dias fazem-nos lembrar o pior”.
Ou seja – prosseguiu – “na AD não se pode confiar, já que à primeira crise faz o contrário do que disse”, e vivendo a economia mundial um momento de “incerteza”, não hesitará em, se necessário, voltar a cortar nas pensões e nos salários, como fez durante a troika.
“Só querem voltar para trás”, insistiu – falando depois da cabeça de lista pelo distrito, Ana Catarina Mendes, para quem a solução da direita é sempre “cortar, cortar, cortar”, porque “não conhecem outra receita” e “o que querem é retrocesso”, algo visível, segundo exemplificou, na proposta do dirigente do CDS (e candidato a deputado) Paulo Núncio para a realização de um novo referendo à descriminalização do aborto.
À tarde, em Torres Vedras, tudo se repetiu quase a papel químico: a escolha de um município socialista; a presença da cabeça de lista por Lisboa, Mariana Vieira da Silva, e dos autarcas locais do PS; uma passeata por um centro da cidade despovoado de habitantes; cumprimentos sorridentes aos comerciantes e nenhuma manifestação de hostilidade; e novamente Pedro Nuno Santos a misturar discurso do medo com apelos aos indecisos, tudo numa só frase: “[Quero] apelar a todos os indecisos, nomeadamente aos mais velhos, às mulheres do nosso país. De cada vez que ouvimos algum representante da AD sobre direitos das mulheres, alterações climáticas, mesmo na defesa dos mais velhos, é caso para nos assustarmos.”
Encerramento em Setúbal
Hoje a campanha regressa aos banhos de multidão, rumando a norte, com uma arruada programada para Santa Catarina, no Porto, e o comício da noite na capital do distrito natal do líder do PS, Aveiro.
Na sexta-feira, incluirá pelo menos três atos tradicionais no PS (arruada em Moscavide, almoço na Trindade, em Lisboa, e descida do Chiado). O último comício, marcado para as 19.00 horas – a tempo, portanto, dos telejornais da noite – será em Setúbal, o único distrito que terá nestas eleições mais um deputado do que nas anteriores (passou de 18 para 19).
As duas arruadas de ontem do PS decorreram em municípios liderados pelo partido: Barreiro (círculo eleitoral de Setúbal) e Torres Vedras (círculo eleitoral de Lisboa).