Diário de Notícias

RUI RIO SOBRE A AD: “NEM QUE EU DISCORDASS­E, NÃO IA DIZER”

Ex-presidente do PSD juntou-se ontem à campanha e seguiu a mesma linha das antigas figuras cimeiras do partido. A apoiar o seu sucessor, apesar das divergênci­as do passado, por agora, Rio diz poder ajudar como “militante”. “Para lá disso, cada um tem a su

- TEXTO VÍTOR MOITA CORDEIRO Com LUSA

Olíder do PSD continuou ontem a seguir uma das linhas estratégic­as mais adotadas nesta campanha eleitoral por várias forças políticas, que é levar as antigas figuras partidária­s a juntar-se às iniciativa­s. Depois de ter convidado Pedro Passos Coelho, Luís Montenegro trouxe para a ribalta social-democrata Rui Rio, que confirmou ao seu sucessor o apoio. “Como militante do PSD, sempre”, assumiu, antes de guardar para si o que pensa das linhas orientador­as seguidas por Montenegro ao longo da campanha. “Nem que eu discordass­e, não ia dizer. Já viu o que era vir à campanha dizer que discordava? Não tinha pés nem cabeça.”

Numa ação da Aliança Democrátic­a (AD) em Viana do Castelo, Rui Rui juntou-se à campanha, onde apareceu ao lado de Luís Montenegro. Líder e antecessor, lado a lado, ergueram as mãos e fizeram o sinal de vitória. Aos jornalista­s, mais tarde, o ex-presidente social-democrata afirmou que a sua presença é “sinal de união é segurament­e. De desunião é que não seria.”

Esta ideia foi corroborad­a por Montenegro, que em 2020 disputou a liderança do partido em oposição a Rio e contra quem, em 2021, admitiu continuar a ter “algumas divergênci­as”. Agora, Montenegro classifica esta aproximaçã­o como “uma expressão da junção e agregação.”

No entanto, as distâncias em relação a outras figuras da AD – a coligação pré-eleitoral entre PSD, CDS e PPM – têm sido sublinhada­s na última semana, com Pedro Passos Coelho, o antecessor de Rui Rio, a trazer para a campanha uma ligação entre inseguranç­a e imigração, e com o vice-presidente do CDS, Paulo Núncio, a defender a realização de um novo referendo à interrupçã­o voluntária da gravidez, propondo uma “limitação do acesso”. Em relação à controvérs­ia de Passos Coelho, Montenegro até chegou a sublinhar, em Leiria, durante uma ação de campanha, a um imigrante que passava na rua, o quanto o país precisa de imigrantes. “Precisamos de vocês aqui, e para ficar cá, está bem”, disse na altura.

Agora, nesta ação pelo norte, quaisquer divergênci­as pareceram ultrapassa­das. “O doutor Rui Rio é um político com muita experiênci­a, muito trabalho feito. Foi presidente do PSD, é uma honra estar aqui e poder partilhar esta caminhada pelas ruas de Viana”, afirmou Montenegro.

Pelo lado de Rui Rio, questionad­o sobre a mensagem que quer deixar nesta campanha, afirmou que “já está praticamen­te tudo dito, as pessoas já têm os dados todos para pensar no que vão fazer”, acrescenta­ndo, porém, que “tudo se resume a uma situação muito simples: quem entende que o país está bem, vai repetir o voto que sempre fez; quem entende que o país não está bem, que quer estar melhor, que deve haver uma mudança, se quer mesmo mudar só tem realmente uma alternativ­a”.

Sobre as mudanças que se aviziopini­ão, nham para o próximo domingo, Rui Rio avisou que a alteração de políticas não está garantida, ao contrário da “mudança de pessoas”. Apesar de admitir que “obviamente” acredita numa vitória da AD, Rui Rio quis afastar-se das sondagens, tendo em conta que há dois anos, perto do sufrágio que disputou como presidente dos sociais-democratas, também havia uma vantagem do PSD face ao PS.

No que diz respeito a eventuais conselhos que tivesse para dar a Montenegro, Rio considerou que deveriam era ter sido dados no início, mas que não eram necessário­s. “Agora já está praticamen­te tudo dito, não há mais argumentos a não ser a componente mais emotiva para levar as pessoas a votar”, afirmou. Questionad­o pelos jornalista­s sobre a que se deveria uma eventual derrota da AD nestas eleições, Rui Rio insistiu na necessidad­e de mudança mas deixou uma mensagem ligada ao passado. “Se isso acontecer tem a ver, na minha

com fatores que foram determinan­tes como aconteceu também no meu tempo, com aspetos como o salário mínimo e as reformas, que levaram as pessoas a votarem com base nessa história e esquecendo o futuro do país.” Por isso, continuou, “ou nós votamos no futuro de amanhã, a 24 horas, ou votamos no futuro a cinco, seis anos de distância. Quem pensar no futuro do país, dos seus filhos e netos, aí tem de mudar, está provado que esta foi uma governação que pensou no dia de amanhã mas não no futuro de país.”

Em Arcos de Valdevez, uns momentos antes de Rui Rio se juntar à comitiva da AD, Luís Montenegro andou pelas ruas e foi saudado por centenas de apoiantes, que não se contiveram naquilo que têm de mais típico para oferecer, como as desgarrada­s: “Ai querido pessoal, eu saúdo-vos com carinho, pegai no papel à direita, votai na AD no domingo”, sugeriu alguém, como apelo.

“Tudo se resume a uma situação muito simples: quem entende que o país está bem, vai repetir o voto que sempre fez.”

Rui Rio

Ex-presidente do PSD

“O doutor Rui Rio é um político com muita experiênci­a, muito trabalho feito.”

Luís Montenegro

Presidente do PSD

ACâmara de Lisboa vai acatar a ordem da Comissão Nacional de Eleições (CNE), que mandou retirar cartazes da autarquia sobre medidas para a habitação, justifican­do a decisão com uma violação da lei eleitoral. A autarquia vai contestar a decisão da CNE.

Em causa estão queixas recebidas pela CNE contra o executivo liderado por Carlos Moedas, por se considerar que a autarquia violou a lei eleitoral ao ter feito publicidad­e institucio­nal durante o período da campanha das eleições legislativ­as, com cartazes relativos às medidas implementa­das pelo município na área da habitação, relativame­nte ao apoio às rendas e à reabilitaç­ão de fogos devolutos.

Em declaraçõe­s à Lusa, a autarquia indicou que “essa informação é o resultado do extraordin­ário trabalho das equipas e serviços municipais na capacidade de reabilitaç­ão de imóveis que não se encontrava­m a uso e que foram recuperado­s e disponibil­izados como habitação municipal, bem como na atribuição de apoios ao arrendamen­to, ajudando muitas famílias a conseguire­m ter um lar e condições para os seus filhos”.

Na perspetiva da autarquia, os cartazes em causa são “um ato de

Carlos Moedas, o autarca de Lisboa, é acusado de violar a lei eleitoral.

prestação de contas, transparên­cia e informação para com os munícipes, numa área fundamenta­l e reconhecid­amente tão difícil como é o acesso à habitação na cidade de Lisboa”.

Neste sentido, a interpreta­ção da CML é que “esta mera informação institucio­nal não se enquadra no âmbito da publicidad­e pública, revestindo-se apenas de um caráter meramente ordinário e declarativ­o”.

De acordo com o Bloco de Esquerda em Lisboa, “a decisão da CNE vai ao encontro da denúncia

já várias vezes realizada” pelo partido “de utilização abusiva por parte de Carlos Moedas das estruturas de publicidad­e” da Câmara, “para autopromoç­ão”.

Segundo um comunicado dos bloquistas, nunca nenhum presidente da Câmara “alguma vez utilizou tantos meios públicos para propaganda própria”. O BE promete ainda que “estará vigilante para que, passado o período eleitoral, Carlos Moedas não volte a utilizar os recursos públicos para autopromoç­ão”.

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Comitiva da AD contou com a presença de Rui Rio durante uma ação de campanha em Viana do Castelo.
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