Lucro da dona do Pingo Doce cresce quase 30% para 756 milhões
Vendas do grupo Jerónimo Martins em Portugal, Polónia e Colômbia somaram 30,6 mil milhões de euros no ano passado, aumentando 21% em relação a 2022.
AJerónimo Martins (JM) fechou o ano passado com um lucro de 756 milhões de euros, o que representa um aumento de 28,2% em comparação com o período homólogo, em que o resultado líquido foi de 590 milhões de euros.
Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o grupo português de grande distribuição, dono da cadeia de supermercados Pingo Doce, dá ainda conta que as vendas alcançaram os 30,6 mil milhões de euros, um crescimento de 20,6% em relação a 2022. Olhando apenas para o quarto trimestre do ano passado, a empresa revela que as vendas aumentaram 16,7% para 8,2 mil milhões de euros.
Os bons resultados devem-se, segundo Pedro Soares dos Santos, o presidente executivo da JM, ao reforço das “propostas de valor em todas as dimensões”, o que “nos permitiu crescer acima dos mercados em que operamos”. Tudo “com o consumidor sempre no centro das nossas decisões”, lê-se no comunicado ao mercado.
As vendas da cadeia Pingo Doce subiram, em 2023, 7,9%, para 4,9 mil milhões de euros, sendo que o grupo remodelou 60 lojas, abriu 11 novos espaços e apenas fechou uma localização.
Já a cadeia de cash & carry Recheio viu as vendas crescer 15,1% para 1,3 mil milhões de euros.
No total, o EBITDA da operação em Portugal foi de 355 milhões de euros, mais 9,7% do que em 2022, com uma margem de 5,7%.
A Ara, marca da Jerónimo Martins a operar na Colômbia, faturou 2,4 mil milhões de euros, o que representa um aumento de 37,7% face 2022. O EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da cadeia colombiana foi de 45 milhões de euros, contra os 60 milhões de euros de 2022. A insígnia abriu 200 novas lojas, tendo fechado o ano passado com um total de 1290 estabelecimentos.
Na Polónia, a JM opera com as insígnias Biedronka e Hebe. As vendas da primeira aumentarem 22,3% face ao ano anterior para 21,5 mil milhões de euros fechou o ano com 3569 lojas, mais 174 lojas a mais do que no ano anterior. Foram abertas 203 aberturas e encerraram 29.
Já o volume de negócio da Hebe cresceu 26,6%, perfazendo 469 milhões de euros (30,9% acima de 2022). A marca viu as vendas online crescer 4,7% e representar cerca de 17% das vendas totais. O EBITDA aumentou 31,5%, tendo a Hebe aberto 32 lojas na Polónia e duas no mercado checo.
A nível global, o ano passado correu de feição ao grupo retalhista, que viu o seu EBITDA aumentar 17%, para 2,2 mil milhões de euros. Detalha a empresa que “a respetiva margem caiu 22 pontos base face ao ano anterior, refletindo o impacto do investimento em preço e a inflação registada ao nível dos custos”.
Já a dívida liquida da Jerónimo Martins está nos 2,1 mil milhões de euros, sendo que o cash flow se situa nos 345 milhões de euros.
Recordando os que trabalham na empresa, tanto em Portugal como na Colômbia e na Polónia, o grupo declarou ter investido 312 milhões de euros “em medidas de reconhecimento”.
Desafios em 2024
Referindo-se, depois, ao ano corrente, Pedro Soares dos Santos diz que a empresa que lidera sabe que a “deflação alimentar que estimamos para o primeiro semestre será o nosso maior desafio”. Deflação essa que “que tenderá a levar à priorização do crescimento dos volumes por parte de todos os retalhistas e, consequentemente, a uma crescente intensidade concorrencial nos mercados em que operamos”. E que irá pressionar as margens de lucro, antecipa a Jerónimo Martins.
O presidente da JM considera que a União Europeia tem perdido influencia e competitividade devido ao “intricado e burocrático” “quadro regulatório” que limita a possibilidade de as empresas europeias conseguirem competir mundialmente. No entanto, Soares dos Santos reitera o compromisso de continuar a investir, e espera que neste ano o investimento atinja os 1,2 mil milhões de euros, em linha com o do ano passado.
O gestor reforça também a responsabilidade do grupo em garantir “pacotes remuneratórios justos, competitivos e com atualizações” aos seus trabalhadores, para que estes consigam fazer face à evolução do custo de vida.