Opinião António Capinha
partir da próxima segunda-feira alguma coisa mudará e isso é bom. Seja qual for o reAsultado
das eleições de domingo teremos um novo ciclo político a nascer no país. E, repito, isso é bom!
É, na segunda-feira que terão de começar a ser resolvidos os problemas da governabilidade e da estabilidade. Todo o país espera que haja da parte dos partidos a disponibilidade e a sensatez de encontrarem, com rapidez, soluções que vão no sentido de estabilizar a vida política do país para os próximos anos.
As tarefas que o próximo Governo, seja ele do PS ou da AD, tem pela frente são ciclópicas e urgentes.
Os dossiês sociais abundam. Que fazer com as carreiras congeladas de largos setores profissionais? Professores, polícias, médicos, enfermeiros, militares, funcionários da Justiça. Enfim, um rol de imbróglios sociais deixados pela anterior Executivo.
É, também, urgente retirar o país do nível de pobreza em que se encontra. Um milhão e setecentos mil portugueses têm um rendimento inferior a 590 euros. A taxa de pobreza é, atualmente, de 17 %, mas seria de 21% não fossem os apoios recebidos por meio milhão de portugueses. Acabar com esta pobreza e com esta política assistencialista será tarefa difícil e exigente para o governo que saia destas eleições.
Mas há muitas outras “dores de cabeça” no horizonte. Olhemos, por exemplo, para a demografia. Somos cada vez menos, mais velhos e a renovação da população não se faz convenientemente. Em 2023 nasceram no país 23 613 bebés, mais dois mil do que em 2022. Mas, apesar destes números, o saldo é negativo. Faleceram em Portugal, em 2023, cerca de 119 mil cidadãos. Portanto os nascimentos estão longe de cobrir os óbitos. Teremos de exigir ao próximo Governo uma política demográfica que inverta esta situação.
Depois, o próximo Governo terá de enfrentar a turbulenta situação da Saúde. Na região de Lisboa mais de um milhão de portugueses está sem médico de família. No total, em todo o país, são cerca de 1,7 milhões de portugueses sem médico de família.
A situação da Educação é outro “calcanhar de Aquiles” que terá de merecer uma cuidada atenção no futuro. Apesar
de haver alguns dados positivos, como o índice do abandono escolar no ensino secundário que, de 2015 até ao ano de 2023, desceu de 33% para 17 %. Na realidade, os valores do abandono escolar têm vindo a reduzir desde o início do século. Contudo, o próximo Executivo terá de lançar um vasto programa de contratação dos 34 mil professores que vão substituir os que irão reformar-se até ao ano de 2030.
Durante a campanha eleitoral todos os partidos deixaram a promessa, caso chegassem ao poder, de terem uma prática política que promovesse um aumento dos salários. O salário médio, bruto, em Portugal, está nos 1505 euros. Todavia o país em termos de capacidade salarial está na cauda da Europa. O Governo que aí vier terá de encontrar soluções para inverter esta situação e uma política que mantenha, em Portugal, os jovens qualificados, os mais aptos, que, diariamente, deixam o país na procura de melhores condições salariais.
Com cerca de quatro milhões e setecentos mil portugueses com trabalho, a taxa de desemprego, em 2023 era de 6,5%. Um valor razoável que não deixa grandes preocupações ao Governo nascido destas eleições. Todavia, para que o próximo Executivo tenha sucesso é necessário uma saudável e eficaz política económica que ajude a resolver os constrangimentos que enumerámos acima. O crescimento em 2023 foi de 2,3 % do PIB. Não chega para o país conseguir sair do ciclo de debilidade em que se encontra. Sem dúvida um desafio para o Governo que aí vem!
Não será fácil o dia seguinte, sabemos. Vamos passar das promessas fáceis que escutámos durante a campanha eleitoral, para o exercício da realidade.
Com duas guerras no terreno, crescimentos económicos anémicos na China e na Alemanha, o dia seguinte será, seguramente, difícil e desafiante.
Mas o próximo Governo terá de encontrar criatividade, energia, força anímica e habilidade política suficientes para fazer o país entrar nos trilhos do desenvolvimento e do crescimento da riqueza. Para isso só lhe podemos desejar coragem e boa sorte para o dia seguinte!