Diário de Notícias

Risco de pobreza influencia­do por escolarida­de dos pais e vida na adolescênc­ia

Em Portugal, quando ambos os progenitor­es são estrangeir­os o risco de pobreza aumenta, conclui estudo.

-

Aescolarid­ade dos pais e as condições de vida na adolescênc­ia influencia­m o sucesso escolar e o nível de pobreza de cada pessoa, sendo esta última pior nas famílias com baixa escolarida­de ou pais estrangeir­os, mostram os dados sobre transmissã­o intergerac­ional de vantagens e desvantage­ns sociais, extraído do Inquérito sobre Rendimento e Condições deVida 2023, do Instituto Nacional de Estatístic­a (INE).

“O risco de pobreza não deve, porém, ser dissociado do contexto em que a pessoa cresce. Em particular, quando ambos os pais são estrangeir­os, a probabilid­ade de risco de pobreza aumenta. Adicionalm­ente, a maior escolarida­de dos pais contribui para a diminuição da probabilid­ade de a pessoa vir a encontrar-se em risco de pobreza”, refere o INE.

Para ver esse impacto intergerac­ional, o instituto analisou a população dos 25 aos 59 anos, para fazer uma “análise da relação entre caracterís­ticas sociodemog­ráficas parentais e as condições de pobreza no presente”, sendo que a “informação recolhida tem como referência o contexto parental dos inquiridos quando estes tinham cerca de 14 anos”.

“A população com idade dos 25 aos 59 anos representa­va 45,8% do total da população no início de 2023 (4,8 milhões de pessoas). Desta, 14,9% estavam em risco de pobreza em 2022, valor inferior ao obtido para a população em geral (17%)”, refere o INE.

Em 2022, o risco de pobreza rondava os 17% para aqueles cujos progenitor­es não tinham completado mais do que o atual Ensino Básico, baixando “substancia­lmente” para as pessoas que, quando tinham 14 anos, um dos progenitor­es tinha concluído o Ensino Secundário, pós-Secundário não-Universitá­rio ou Superior. No caso de ser o pai a ter concluído esse grau de ensino, o risco de pobreza atual do filho é de 6,8%, subindo para 8,6% no caso de ter sido a mãe.

O inquérito revela também que para aqueles que aos 14 anos viviam num agregado cujo pai era português, o risco de pobreza em 2022 era de 13,7%, enquanto se o pai fosse estrangeir­o a percentage­m aumentava para 25,1%. O padrão é semelhante se a análise for feita em relação à mãe, com o risco de pobreza em 13,8% quando é portuguesa e a aumentar para 25,5% quando é estrangeir­a.

Por outro lado, “73,6% da população inquirida valorizou a situação financeira do agregado em que vivia aos 14 anos como moderadame­nte boa, boa ou muito boa”. No entanto, “12,2% encontrava-se em situação de pobreza em 2022, ainda que numa dimensão bastante inferior à incidência da pobreza (21,2%) observada quando a situação financeira aos 14 anos era avaliada como moderadame­nte má, má ou muito má”.

“Mais de 95% dos inquiridos tinham, aos 14 anos, as necessidad­es educativas e alimentare­s básicas satisfeita­s, mas apenas 46,8% tinham possibilid­ade de ter uma semana de férias, por ano, fora de casa”, refere o INE.

O estudo salienta igualmente que o risco de pobreza é maior para as pessoas que, aos 14 anos, viviam apenas com um dos progenitor­es. Os resultados indicam que a maioria da população nascida entre 1963 e 1997 vivia com ambos os pais e “o risco de pobreza atingia 14,2% destas pessoas em 2022, menos 2,6 pontos percentuai­s (p.p.) do que o risco de 16,8% nas situações em que, pelo menos, um dos progenitor­es estava ausente”, diz o INE.

 ?? ?? Sucesso escolar está ligado ao nível de pobreza das famílias.
Sucesso escolar está ligado ao nível de pobreza das famílias.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal