May junta-se aos 64 que vão sair do Parlamento
Antiga primeira-ministra não vai tentar a reeleição após 27 anos como deputada. Sondagens dão vitória ao Partido Trabalhista. Presidente dos trabalhistas diz que o elevado número de conservadores que não vai tentar a reeleição mostra uma falta de confianç
Aantiga primeira-ministra britânica Theresa May anunciou ontem que não concorrerá a um novo mandato como deputada nas próximas eleições, juntando-se assim a uma lista de, até agora, 64 conservadores que se preparam para abandonar as fileiras do líder do Governo e do partido, Rishi Sunak, que, segundo as sondagens, está prestes para sofrer uma pesada derrota nas urnas após 13 anos no poder.
May representa o círculo eleitoral de Maidenhead, no sudeste de Inglaterra, desde 1997 e serviu como primeira-ministra entre 2016 e 2019 – um período tumultuoso no Reino Unido, quando tentou negociar a saída do país da União Europeia. “Foi uma honra e um privilégio servir a todos no círculo eleitoral de Maidenhead como membro do Parlamento durante os últimos 27 anos”, disse ao jornal do seu círculo, o Maidenhead Advertiser.
A ainda deputada explicou também que pretende focar-se em causas que lhe são importantes, incluindo o seu trabalho na Comissão Global sobre Escravidão Moderna e Tráfico de Seres Humanos, que têm “ocupado cada vez mais o meu tempo”. “Por causa disso, depois de muita reflexão e consideração cuidadosa, percebi que, olhando para o futuro, não seria mais capaz de fazer o meu trabalho como deputada da maneira que acredito ser certa e que os meus eleitores merecem”, acrescentou.
Mesmo assim, Theresa May garantiu que vai continuar “comprometida” em apoiar Rishi Sunak e acredita que os conservadores podem vencer as eleições, cuja data o primeiro-ministro ainda não marcou, mas que deverão realizar-se no segundo semestre do ano.
Além de Theresa May, um total de 64 conservadores e ex-conservadores anunciaram até agora que não lutarão pelos seus lugares de deputados – o maior número de tories a retirar-se do Parlamento desde a vitória esmagadora do Partido Trabalhista liderado por Tony Blair, em 1997.
A presidente do Partido Trabalhista, Anneliese Dodds, afirmou ontem que o número de conservadores que se retiraram até agora mostra que “não há confiança” em Rishi Sunak e nas perspetivas do partido. “Esta é obviamente uma decisão muito significativa de Theresa May de renunciar nas próximas eleições”, afirmou Dodds.
“É uma surpresa, mas é claro que ouvimos isso de um grande número de deputados conservadores. Eles decidiram não se candidatar às próximas eleições e penso que isso revela que, francamente, não há confiança em Rishi Sunak, nem mesmo no Partido Conservador, para ser um partido do Governo para o futuro”.
Da parte do governo, o ministro do Tesouro, Gareth Davies, negou esta afirmação, dizendo que há desistências “de todos os lados do Parlamento”. Até agora, quase 100 dos 650 deputados já anunciaram que não vão recandidatar-se, a esmagadora maioria do campo conservador.
Desde o início de 2022, que o Partido Trabalhista tem surgido sempre à frente nas sondagens. De acordo com uma média dos resultados dos estudos de opinião feita pelo jornal The Guardian, atualmente os trabalhistas apresentam 44,1% das intenções de voto, enquanto que os tories não vão além dos 23,8%.
Theresa May foi eleita pela primeira vez para o Parlamento britânico em 1997.