Sobe e desce da maré não produz energia...
Aexperiência patrocinada pela Comunidade Económica Europeia – agora, União Europeia – com a instalação de uma central de produção de energia aproveitando o sobe e desce das marés, em Rance, na costa francesa do Canal da Mancha, foi um fracasso ou, pelo menos, não deu o resultado previsto, segundo informação enviada ao Parlamento Europeu.
A conclusão, noticiada com destaque pelo DN, foi que as “centrais maremotas não contribuem em larga escala para a cobertura das necessidades energéticas”. Ainda assim, a Comissão do Mercado Comum não desiste – e pondera alargar o programa iniciado com a construção da Central de Rance.
A CEE era então constituída por nove países: Alemanha, França, Itália, Países Baixos, Bélgica, Luxemburgo, Dinamarca, Irlanda e Reino Unido. A comunidade vivia uma crise económica. Na sequência da guerra israelo-árabe, em outubro de 1973, nações produtoras de petróleo do Médio Oriente restringiram as vendas, e impuseram grandes aumentos de preços, a determinados países europeus – que tiveram efeito em toda a CEE. Procuravam-se fontes alternativas de energia. A central maremota de Rance, na costa de França, foi desanimadora.
Nos países da CEE, as condições técnicas necessárias para o funcionamento das centrais maremotas (marés com desnível de vários metros) só se encontravam reunidas nas costas da Normandia, da Inglaterra e do País de Gales.
A potência desenvolvida por estas centrais – explicava o DN – varia de uma maré para a outra dependendo dos ciclos lunar e solar. O funcionamento da central é descontínuo e a utilização anual da potência disponível não ultrapassa as 2200 horas: “Torna-se, pois, indispensável manter em reserva uma capacidade de produção correspondente à da central, assegurando assim o fornecimento de eletricidade no período em que a central não funciona” – o que obrigava a grandes investimentos.
Outros projetos mais vastos, estudados em França e em Inglaterra, depararam não apenas com dificuldades de ordem económica, mas também com problemas ambientais. Os diques à volta das centrais alteram a hidrologia e têm efeitos negativos na fauna da bacia interior – além de constituírem um perigo para a navegação.