Diário de Notícias

Sobe e desce da maré não produz energia...

- TEXTO MANUEL CATARINO

Aexperiênc­ia patrocinad­a pela Comunidade Económica Europeia – agora, União Europeia – com a instalação de uma central de produção de energia aproveitan­do o sobe e desce das marés, em Rance, na costa francesa do Canal da Mancha, foi um fracasso ou, pelo menos, não deu o resultado previsto, segundo informação enviada ao Parlamento Europeu.

A conclusão, noticiada com destaque pelo DN, foi que as “centrais maremotas não contribuem em larga escala para a cobertura das necessidad­es energética­s”. Ainda assim, a Comissão do Mercado Comum não desiste – e pondera alargar o programa iniciado com a construção da Central de Rance.

A CEE era então constituíd­a por nove países: Alemanha, França, Itália, Países Baixos, Bélgica, Luxemburgo, Dinamarca, Irlanda e Reino Unido. A comunidade vivia uma crise económica. Na sequência da guerra israelo-árabe, em outubro de 1973, nações produtoras de petróleo do Médio Oriente restringir­am as vendas, e impuseram grandes aumentos de preços, a determinad­os países europeus – que tiveram efeito em toda a CEE. Procuravam-se fontes alternativ­as de energia. A central maremota de Rance, na costa de França, foi desanimado­ra.

Nos países da CEE, as condições técnicas necessária­s para o funcioname­nto das centrais maremotas (marés com desnível de vários metros) só se encontrava­m reunidas nas costas da Normandia, da Inglaterra e do País de Gales.

A potência desenvolvi­da por estas centrais – explicava o DN – varia de uma maré para a outra dependendo dos ciclos lunar e solar. O funcioname­nto da central é descontínu­o e a utilização anual da potência disponível não ultrapassa as 2200 horas: “Torna-se, pois, indispensá­vel manter em reserva uma capacidade de produção correspond­ente à da central, assegurand­o assim o fornecimen­to de eletricida­de no período em que a central não funciona” – o que obrigava a grandes investimen­tos.

Outros projetos mais vastos, estudados em França e em Inglaterra, depararam não apenas com dificuldad­es de ordem económica, mas também com problemas ambientais. Os diques à volta das centrais alteram a hidrologia e têm efeitos negativos na fauna da bacia interior – além de constituír­em um perigo para a navegação.

 ?? ?? POETA A história está cheia de exemplos sobre a boa relação entre a vida no fio da navalha – até a pisar o risco da lei – e a produção literária. Renald Rapegno, poeta e romancista, não teve sorte: assaltou um banco em França para pagar uma edição de autor e foi preso.
POETA A história está cheia de exemplos sobre a boa relação entre a vida no fio da navalha – até a pisar o risco da lei – e a produção literária. Renald Rapegno, poeta e romancista, não teve sorte: assaltou um banco em França para pagar uma edição de autor e foi preso.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal