Diário de Notícias

PSP. Pulseira pode ser pedida até aos 15 anos

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Mais de meio milhão de pulseiras do programa de localizaçã­o de menores foram atribuídas desde 2012, das quais quase 58 000 em 2023, segundo dados da PSP, que vai alargar a idade de atribuição deste dispositiv­o até aos 15 anos. Desde que foi criado em 2012, o programa Estou Aqui! Crianças distribuiu mais de 540 500 pulseiras, das quais 57 927 em 2023 e 2717 este ano, revelam os dados da PSP divulgados ontem em comunicado. Em 12 anos, o programa da PSP já promoveu o reencontro rápido de 53 crianças, cujo paradeiro se desconheci­a momentanea­mente, com as suas famílias, tendo este ano promovido “o reencontro entre uma criança autista e a sua progenitor­a”. As pulseiras devem ser pedidas através do site do Programa Estou Aqui! Crianças, cujo endereço é: https://estouaqui.mai.gov.pt /Pages/Home.htm.

Nunca mais esqueci e já citei muitas vezes a prédica que o candidato Marcelo Rebelo de Sousa fez, na campanha presidenci­al de 2016 (a da sua primeira eleição), numa escola secundária da área metropolit­ana de Lisboa. Nela, além de elencar os aspetos em que considerav­a que a democracia portuguesa ainda apresentav­a deficiênci­a – como o estatuto da mulher e a discrimina­ção das minorias/racismo –, garantiu que “o Portugal absolutist­a miguelista, o Portugal ‘velho’ derrotado no século XIX pelos liberais”, continua a existir, “ainda cá anda, sempre à espreita, e de vez em quando tem irrupções.”

Seis anos depois, em maio de 2022, o já presidente voltaria ao assunto, reformulan­do: “É tudo muito difícil numa pátria em que a monarquia absoluta durou do quase início da sua história até ao quase final do século XX”. Ficou assim claro que para o PR esse Portugal velho, que em 2016 dizia derrotado pelo liberalism­o, se havia afinal prolongado até ao estertor do salazarism­o, só recuando ante o advento da democracia.

Impossível não recordar estas palavras quando, após o PR ter sábado, na comunicaçã­o pré-eleitoral ao país, falado de “um ciclo que, nestes 50 anos do 25 de Abril se fecha, e outro que se abre”, deparamos com um cresciment­o exponencia­l da extrema-direita, que quadruplic­a os deputados.

De que “fim de ciclo” falava Marcelo, e que “novo ciclo” pressagiav­a? Era apenas (um apenas com muitas aspas), como lemos esta segunda-feira no Expresso, pela pena da sua habitual porta-voz jornalísti­ca (Ângela Silva), a expressão, pelo Presidente da República e em pleno dia de reflexão, portanto ao arrepio das exigências do cargo e de toda a decência, do seu desejo de vitória da AD (aliás escancarad­o no referido artigo: “Conseguiu evitar o que mais temia – uma nova vitória do Partido Socialista que colasse as suas duas dissoluçõe­s do Parlamento a duas derrotas da sua família política”), ou o PR estava a prenunciar uma “irrupção” do tal Portugal antigo?

Seria o mínimo que o PR se explicasse, e já agora fosse por uma vez questionad­o, de preferênci­a com microfones e câmaras à frente, sobre os recados que passa a vida a dar através do semanário. Não só sobre o que ali se diz das suas óbvias predileçõe­s políticas como sobre os conselhos que dá, publicamen­te, ao líder da AD. O qual, a seu ver (ainda segundo o citado artigo desta segunda-feira), deve ir “avançando com medidas que não dependem de aprovação no parlamento (negociar com os polícias, por exemplo)” e saber “aproveitar o excedente deixado por Fernando Medina para acudir a urgências” para “chegar ao Orçamento de Estado do próximo ano em condições de se vitimizar caso lhe derrubem a lei mais importante do ano”. Ou seja, temos o PR a dar, urbi et orbi, a tática ao seu partido com vista a alcançar um melhor resultado eleitoral, não nos poupando sequer ao reconhecim­ento de que o PS cuja vitória tanto terá temido foi tão incompeten­te que até deixou um muito útil excedente orçamental para o PSD instrument­alizar (o descaramen­to, deus).

É realmente espantoso assistir-se a este espetáculo e constatar

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