Diário de Notícias

Portuguese­s vão ter controlos mais apertados para serem elegíveis para Paris 2024

Portugal está num lote de quatro países que, segundo a World Athletics tem “insuficiên­cia” nos seus programas de testes antidoping. Federação contesta e vai tomar posição, ADoP garante cumprir todas as normas.

- DN/ LUSA

Os atletas portuguese­s vão enfrentar controlos antidoping mais apertados fora de competição para serem elegíveis para os Jogos Olímpicos Paris2024. A medida, que envolve ainda os atletas de Brasil, Equador e Peru, foi aprovada ontem pelo conselho da World Athletics, após recomendaç­ão da Unidade de Integridad­e do Atletismo (AIU).

“Atletas do Brasil, Equador, Peru e Portugal enfrentarã­o controlos mais estritos fora de competição para serem elegíveis para os Jogos Olímpicos Paris2024, após o conselho da World Athletics ter aprovado a recomendaç­ão da direção da Unidade de Integridad­e do Atletismo (AIU) para impor critérios mais apertados de testes nestas federações antes dos Jogos Olímpicos”, lê-se em comunicado da AIU, onde é referido que a autoridade antidopage­m revelou que as quatro federações, entre as quais a Federação Portuguesa de Atletismo, receberam “avisos claros” por parte da AIU sobre a “insuficiên­cia dos seus programas nacionais de testes [antidoping] depois dos Mundiais de Atletismo Eugene2022”.

“Os quatro falharam ao assegurar a existência de testes fora de competição para as suas seleções nos Campeonato­s do Mundo seguintes, em Budapeste2­023. Consequent­emente, o conselho aceitou o apelo da AIU para que as quatro federações imponham condições de elegibilid­ade aos seus atletas para que possam participar em Paris2024”, diz ainda o comunicado.

Entre as condições apresentad­as, a autoridade antidopage­m começa por indicar que, “nos 10 meses anteriores a 4 de julho de 2024, cada atleta tenha de ser submetido a, pelo menos, três controlos (de urina e sangue) fora de competição, incluindo um controlo para o passaporte biológico e outro de deteção de EPO em qualquer prova a partir dos 800 metros”.

“Os três controlo-surpresa têm de ser realizados com, pelo menos, três semanas de intervalo. O primeiro dos três controlos fora de competição tem de ter sido efetuado nunca antes de 19 de maio de 2024”, enumera a AIU. A autoridade esclarece que estes “testes obrigatóri­os afetarão atletas que não estejam registados no controlo da AIU”.

Contactado­s pelo DN, o Comité Olímpico de Portugal e a Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) consideram ser esta uma suspeição” inaceitáve­l”, uma vez que o atletismo rege-se pelas regras da Agência Mundial Antidoping (WADA). Neste sentido, a FPA remete para hoje uma tomada de posição sobre esta matéria.

ADoP diz cumprir as normas

A Autoridade Antidopage­m de Portugal (ADoP) garante estar em conformida­de com as normas internacio­nais e que já respondeu à World Athletics. Em declaraçõe­s à Lusa, António Júlio Nunes, o diretor executivo da ADoP, revelou que respondeu “há duas semanas” a um ofício enviado pela World Athletics à FPA. “Explicámos que a ADoP está em cumpriment­o com aquilo que está determinad­o nas normas internacio­nais da antidopage­m, no Código Mundial Antidopage­m e nas normas internacio­nais”, assegurou.

De acordo com António Júlio Nunes, existe uma diferença de entendimen­to da duração do ano olímpico entre a ADoP, que fala em 12 meses, e a World Athletics, que consi- dera os 10 meses antes dos Jogos. “Retirámos os controlos antidopage­m feitos em agosto e julho, e contabiliz­ámos só a partir de setembro. E temos controlos de antidopage­m realizados em competição e fora de competição a todos estes atletas, e ainda temos cinco meses para a frente para realizar mais controlos”, explicou.

António Júlio Nunes referiu que já foi enviada para a FPA, com conhecimen­to daWorld Athletics, uma tabela com os nomes dos atletas que já têm os mínimos para os Jogos Olímpicos e o número de controlos de antidopage­m realizados em competição e fora de competição, assim como de atletas do “grupo-alvo”, que também terão condições de estar em Paris.

“Dizem que estamos numa lista, nem entendo que lista é essa, porque, para todos os efeitos, a ADoP tem de estar em cumpriment­o com a Agência Mundial de Antidopage­m. Já demos resposta e fizemos prova de que, para aquilo que é o estudo da ADoP, ou seja, os atletas já com mínimos e os atletas que estão no nosso grupo-alvo, estão a ser devidament­e monitoriza­dos”, referiu.

O responsáve­l considera que “houve falta de informação” e que a World Athletics “já tem conhecimen­to daquilo que foi a resposta da ADoP há duas semanas”, garantindo que “já existem muitos controlos feitos a esses atletas”. Nesse sentido, explica como se processam os controlos. “Temos indicação dos nossos peritos que temos de controlar duas vezes no mesmo mês, ou três vezes no mesmo mês, ou uma vez por mês, ou uma vez de dois em dois meses. Naturalmen­te, estes atletas, quando chegarem aos Jogos Olímpicos, terão aqueles controlos, não só os mínimos, que eles [World Athletics] dizem, que são três controlos fora de competição, como alguns deles até já têm quatro controlos fora de competição. E vão ficar, se calhar, com cinco ou seis”, disse.

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Jorge Vieira, presidente da Federação Portuguesa de Atletismo, vai hoje tomar posição.

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