Qatar diz que Israel e Hamas estão “longe de um acordo” sobre trégua em Gaza
Navios já partiram dos Estados Unidos para construir porto temporário no enclave palestiniano, numa viagem que deverá demorar cerca de um mês.
Israel e o Hamas “estão longe” de chegar a um acordo para uma trégua na Faixa de Gaza e para a libertação de reféns, adiantou ontem um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros qatari. “Não estamos perto de um acordo, o que significa que não vemos as duas partes a convergir numa linguagem que possa resolver o atual desacordo”, prosseguiu Majed al-Ansari, acrescentando que continuam as conversações entre as partes, mediadas pelo Qatar.
Apesar de novas conversações no início de março no Cairo, os três países mediadores – Estados Unidos, Qatar e Egito – não conseguiram chegar a um acordo de tréguas acompanhado da libertação dos reféns mantidos em Gaza desde o início da guerra, em outubro.
“[Todas as partes] continuam a trabalhar no âmbito das negociações para chegar a um acordo, esperemos que durante o Ramadão”, que teve início esta semana, disse ainda Al-Ansari, acrescentando que não estava em condições de “propor um calendário” para um acordo de tréguas, sublinhando que o conflito continua a ser “muito complicado no terreno”.
O secretário-geral da ONU voltou a apelar esta semana a um “silenciamento das armas” em Gaza durante o Ramadão, o mês sagrado dos muçulmanos. “O meu apelo mais forte hoje é para se honrar o espírito do Ramadão, silenciando as armas, e removendo todos os obstáculos para garantir a entrega de ajuda vital à velocidade e à escala massiva exigidas”, pediu António Guterres, falando da situação dramática que se vive no enclave.
No que diz respeito à ajuda humanitária para Gaza, depois da segunda entrega por via aérea feita já esta semana, o primeiro navio da ONG espanhola Open Arms zarpou ontem – depois de um atraso devido a problemas técnicos – do Chipre em direção à Faixa de Gaza, onde a população sobrevive à beira da fome – a ONU estima que 2,2 milhões de pessoas, ou seja, a maioria da população, correm risco de morrer de fome no território palestiniano.
Ontem também, quatro navios do Exército norte-americano zarparam de uma base nos Estados Unidos transportando cerca de 100 soldados e equipamentos necessários para construir um porto temporário na costa da Faixa de Gaza para entregas de ajuda urgentemente necessárias. Foram seguidos por três navios mais pequenos que também farão a viagem de cerca de 30 dias até ao Mediterrâneo Oriental para ajudar nesta missão, que faz parte dos esforços dos EUA para aumentar a assistência a Gaza.
A instalação – que consistirá numa plataforma offshore para transbordo de ajuda de navios maiores para navios mais pequenos e num cais para trazê-la para terra – deverá estar operacional “na marca dos 60 dias”, disse o brigadeiro-general dos EUA, Brad Hinson.