Biden volta a contornar Congresso para ajudar Kiev
Voluntários russos pró-Ucrânia dizem ter-se infiltrado na Rússia para efetuar ataques terrestres, que Moscovo garante ter repelido.
A cidade russa de Belgorod tem sido alvo de ataques ucranianos nas últimas semanas.
ACasa Branca anunciou ontem uma nova ajuda militar, no valor de 300 milhões de dólares (cerca de 275 milhões de euros), para atender às necessidades urgentes da Ucrânia para enfrentar a ofensiva da Rússia. Desta forma, Joe Biden contorna mais uma vez o Congresso – onde os republicanos há meses que estão a bloquear um pacote de ajuda a Kiev que ronda os 61 mil milhões de dólares (56 mil milhões de euros) –, tal como já havia feito no início de dezembro.
“Hoje, em nome do presidente ( Joe) Biden, anuncio um pacote de emergência de ajuda à segurança, de armas e equipamentos no valor de 300 milhões de dólares para fazer frente a algumas das necessidades urgentes da Ucrânia”, informou Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, no dia em que Biden iria reunir-se na Casa Branca com o presidente da Polónia, Andrzej Duda, e o primeiro-ministro Donald Tusk para tranquilizá-los sobre o apoio dos EUA à NATO e à Ucrânia.
A presente ajuda inclui mísseis antiaéreos, munições, cartuchos de artilharia e veículos blindados, e foi conseguida após serem identificadas algumas poupanças de custos nos contratos do Pentágono, indicaram ontem altos-responsáveis da Defesa.
Nos últimos dias responsáveis da Defesa reconheceram publicamente que não estavam apenas sem fundos para reposição de armamento, mas com um saldo negativo de 10 mil milhões de dólares (9,1 mil milhões de euros). Estes fundos de reposição permitiram ao Pentágono retirar munições existentes, sistemas de defesa aérea e outras armas dos seus inventários de reserva, ao abrigo do Poder Presidencial de Retirada, para enviar para a Ucrânia e, em seguida, adjudicar contratos para substituir esses equipamentos militares.
Russos pró-Kiev em ação
Uma unidade de voluntários russos pró-Kiev reivindicou ontem ter tomado o controlo de uma aldeia russa perto da fronteira com a Ucrânia, numa incursão armada que as forças russas disseram ter repelido. “A aldeia de Tiotkino, na região de Kursk, está totalmente controlada pelas forças de libertação russas”, afirmou a unidade, apelidada de Legião da Liberdade da Rússia, nas redes sociais. O grupo disse ainda que o Exército russo estava a abandonar a aldeia, “deixando para trás posições e armas pesadas”, segundo a AFP.
A reivindicação surgiu horas depois de a unidade ter anunciado que se tinha infiltrado na Rússia junto à fronteira ucraniana e de o Ministério da Defesa russo ter confirmado o ataque, mas garantido que “frustraram uma tentativa do regime de Kiev de invadir o território russo nas regiões de Belgorod e Kursk”.
Já na cidade de Kursk, capital da região homónima que faz fronteira com a Ucrânia, as autoridades ordenaram o fecho das escolas locais, na sequência de ataques a partir do território ucraniano. “Devido aos recentes acontecimentos, decidi que as crianças em idade escolar vão estudar à distância” até sexta-feira, escreveu o autarca de Kursk, Igor Kutsak. Estes ataques ocorreram três dias antes do início das presidenciais russas, que deverão reconduzir Vladimir Putin, na ausência de qualquer efetiva oposição.
Os EUA vão enviar 300 milhões de dólares em armamento para Kiev, após identificarem poupanças de custos nos contratos do Pentágono.