Metro de Lisboa já tem mais uma ligação da Linha Circular. Conclusão prevista para 2025
Foi dado mais um passo para a concretização do novo plano para o metropolitano da capital. Jorge Delgado, secretário de Estado da Mobilidade Urbana, acredita que a mudança de Governo não vai atrasar a obra.
Oruído das obras contrasta com a calma que se sente na Rua das Francesinhas, em pleno coração de Lisboa. A manhã está solarenga, apesar do tempo fresco. Ouvem-se pássaros a cantar nas árvores. Sabe-se que há obras pela sinalização, que indica desvios e parte da rua com trânsito cortado. Afinal, é aqui que se situa um dos estaleiros das obras de expansão da Linha Verde do Metropolitano de Lisboa, parte da futura Linha Circular.
À entrada do estaleiro, os convidados equipam-se, preparando-se para o momento alto: a demolição do tímpano que separava as futuras estações de Rato, Estrela e Santos – que ficarão, assim, interligadas. Vestidos a rigor, com botas, capacetes e coletes, ouvem-se as instruções de segurança e é feito um briefing rápido. Inicia-se depois a descida. Feita por escadas, soa o alerta: “Só duas pessoas por patamar”, para evitar a instabilidade da estrutura. Lá em baixo, o ambiente “é de obra”, avisa um dos engenheiros do Metro. Por isso, todo o cuidado é pouco.
Terminada a descida, a comitiva – onde estão presentes Jorge Delgado (secretário de Estado da Mobilidade) e Vítor Domingues dos Santos (presidente do conselho de administração do Metro) – é conduzida à parede que, dali a minutos, ficará destruída, permitindo a ligação entre o percurso já existente (vindo do lado da Estrela).
O trabalho é todo feito com recurso a uma máquina perfuradora. Ao DN, um dos trabalhadores explica que esta é a estratégia seguida porque, em Lisboa, o uso de explosivos não é permitido. “Ainda que fosse mais rápido, não se podem fazer explosões controladas dentro da cidade. É tudo feito com máquinas, apesar de ser mais lento do que se fossem feitas explosões”, explica o trabalhador.
A abertura inicia-se depois, com estrondo. A perfuradora começa a operar e, abrindo um pequeno buraco, é possível espreitar para o local onde os carris da futura linha serão assentes. Do outro lado, há trabalhadores e responsáveis pela obra, que supervisionam todo o processo. Apesar da perfuração, os convidados não assistem a toda a demolição do tímpano, que levaria horas.
A máquina para, então, de operar. Está terminado o momento simbólico, há quem pose para fotografias. Esta “é a prova de que os trabalhos estão a continuar em bom ritmo e que tudo está a começar a ficar garantido para que no final de 2025” a Linha Circular comece a funcionar, segundo Vítor Domingues dos Santos, presidente do Metro.
Ainda de acordo com o responsável, o concurso público para a construção da linha de outro projeto, o Metro Ligeiro de Superfície, deverá ser lançado amanhã. Está ainda em articulação com as câmaras de Lisboa e Oeiras o projeto LIOS (Linha Intermodal Sustentável), parte da expansão do plano de transportes públicos.
Por seu lado, Jorge Delgado, secretário de Estado da Mobilidade Urbana, mostra-se convicto de que, com a obra em curso, nem a mudança de Governo vai atrasar as metas. “Esta é uma obra que está em curso, que já tem um planeamento de conclusão para o próximo ano, portanto, não vejo que motivo existiria para se interromper um processo que já está numa fase tão avançada”, disse, acrescentando: “Não imagino que agora, no último ano, pudesse haver algum contratempo. Não acredito que seja um cenário. (...) Há aqui um conjunto de grandes investimentos e depois há o resto do plano que é preciso continuar a desenvolver, nomeadamente a extensão da Linha Amarela de Telheiras até Benfica.”
Está previsto que, em Santos, haja vários acessos à estação: Travessa do Pasteleiro, Avenida D. Carlos I, um acesso principal no Largo da Esperança e um acesso por elevador ao Bairro da Madragoa. Quando ficar concluída, a obra irá ligar as estações do Rato ao Cais do Sodré, concretizando a Linha Circular (ver diagrama). O investimento total previsto é de 331,4 milhões de euros. Com isto, as estações da Linha Vermelha e da Linha Amarela vão ficar com ligação ao centro da cidade.
Moradores voltam a casa em maio
Durante a realização desta obra, as pessoas que vivem nas imediações desta futura estação tiveram de sair de casa.
Segundo disse Rui Pina, um dos engenheiros do metropolitano, a ideia é que esses moradores “voltem às suas casas já em maio”. De acordo com o responsável, as habitações serão remodeladas e terão as fundações reforçadas, para enfrentarem as trepidações futuras.