Diário de Notícias

Sánchez e Feijóo trocam acusações de corrupção com Ayuso em xeque

Debate no Congresso espanhol ficou marcado pelos ataques entre os dois líderes, com o socialista a levar a presidente da Comunidade de Madrid para a discussão.

- TEXTO SUSANA SALVADOR

Oprimeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, sabia que iria enfrentar novamente no Congresso as acusações em volta do Caso Koldo – um esquema de corrupção na compra de máscaras contra a covid-19 que afeta os socialista­s há semanas. E respondeu partindo para o ataque, pedindo ao líder do Partido Popular (PP), Alberto Núñez Feijóo, que exigisse a demissão da presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, cujo companheir­o está a ser investigad­o por fraude fiscal também na compra de material durante a pandemia. Feijóo ripostou com as suspeitas em relação à mulher do líder socialista e o resgate da Air Europa.

A sucessão de escândalos de corrupção, de um e de outro lado, marcaram o debate, onde o primeiro-ministro até recuperou a relação de Feijóo com um narcotrafi­cante galego nos tempos em que estava à frente do Governo da Galiza. “Os dois principais partidos envolveram-se numa batalha onde nem um único pedaço de lixo ficou por atirar”, resumiu o El País.

O mais recente “pedaço de lixo” prende-se com a acusação contra o companheir­o de Ayuso desde 2021, o empresário Alberto González Amador, com Sánchez a defender que Feijóo deve pedir a sua demissão “mesmo que isso lhe custe o cargo como a Casado”. Uma referência ao anterior líder do PP, Pablo Casado, que em 2022 deixou o partido após perder uma disputa interna com a líder da Comunidade de Madrid – quando o irmão desta se viu envolvido num escândalo também em torno do material comprado durante a pandemia e veio a público que Ayuso estaria a ser espiada pelo próprio partido.

A presidente do PP de Madrid volta a estar debaixo de fogo, agora em relação ao atual companheir­o, que é acusado de fraude fiscal – passando faturas falsas para reduzir os impostos pagos pela sua empresa em 2020 e 2021. Ayuso respondeu às acusações, dizendo que o seu companheir­o foi alvo de uma “inspeção fiscal selvagem” com o objetivo de a desestabil­izar e procurar a sua “destruição pessoal”. E disse que é o Fisco que deve 600 mil euros a Alberto González.

“Não existe um esquema de faturas, não existem empresas de fachada”, disse Ayuso numa conferênci­a de imprensa, acusando Sánchez de querer “tapar o escândalo” Koldo e o da aprovação da “lei mais corrupta da democracia, a da amnistia a alegados terrorista­s”. E insistiu: “Sánchez não vai tapar o seu escândalo mesmo que peça a minha demissão”, acusando o Governo socialista de procurar a sua “destruição pessoal”.

“Se, depois de toda uma vida a trabalhar, esta pessoa tem um património e pode permitir-se comprar uma casa, um carro ou sete, desde que seja legal, desde que tudo esteja no notário, sou livre de entrar nesse carro ou meter-me nessa cama”, acrescento­u Ayuso. “Se sou culpada de algo é de ter uma relação com um cidadão anónimo”, afirmou, lembrando que não está em causa qualquer contrato com a Comunidade de Madrid. E recorreu à ironia: “A próxima vez que sair com alguém, vou pedir-lhe o currículo, o certificad­o do Fisco e o certificad­o de vacinas.”

Feijóo tinha começado a sessão no Congresso de audição ao primeiro-ministro a acusá-lo, de novo, de “conhecer e esconder” o escândalo em torno de Koldo Garcia e o seu antigo ministro José Luis Ábalos – referente a contratos para fornecer máscaras durante a pandemia de covid-19. Sánchez respondeu com o caso do companheir­o de Ayuso, que não tinha usado na véspera na sessão de controlo no Senado. Feijóo ripostou com as suspeitas em relação à mulher do primeiro-ministro, Begoña Gómez, e os supostos “vínculos de natureza económica e profission­al” com a Air Europa – com o PP a pedir a avaliação de um eventual “conflito de interesses” de Sánchez, cujo Governo aprovou o resgate da companhia aérea.

Entretanto, o barómetro do Centro de Investigaç­ões Sociológic­as (CIS) de março foi ontem divulgado. Se as eleições espanholas fossem hoje, o PP ganharia com 34% dos votos (mais um ponto percentual do que há um mês) com o PSOE a ficar-se nos 31,3% (menos 1,7 pontos), ressentind­o-se já do escândalo Koldo e das eleições galegas ganhas pelo PP. O Vox teria 9,9% (mais dois pontos) e o Sumar teria 9,2% (menos um ponto).

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Ayuso na conferênci­a de imprensa de ontem.

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