Pastéis chineses: delícias irresistíveis
Fazem parte integrante da cultura alimentar tradicional da China, com uma história longa e uma grande variedade de tipos. Os pastéis chineses são representados principalmente pelos estilos de Pequim, Suzhou e Cantão, cada um com características próprias regionais e culturas.
Tal como os europeus têm o seu apreço pelo chá da tarde, os chineses também adoram as pastelarias chinesas deliciosas. Se os leitores tiverem a oportunidade de viajar para a China, além das três refeições diárias, não se esqueçam de as experimentar, que são um prazer para o paladar e um presente ideal para os familiares e os amigos.
Durante as dinastias Shang e Zhou (aproximadamente de 1600 a.C. a 256 a.C.), os alimentos feitos de farinha de arroz e de milhete eram designados por Gao, que é semelhante a um bolo. Após as dinastias Qin e Han, a área de cultivo de trigo expandira-se continuamente e vários tipos de bolos e pães cozidos a vapor tornaram-se populares. Na época, já havia mais de uma dezena de tipos de bolos e biscoitos feitos no forno, cozidos a vapor ou fritos.
Nas dinastias Tang e Song, a arte de cozinhar pastéis tornou-se mais refinada, com grande atenção não apenas ao sabor, mas também à cor e à forma, o que resultou no aparecimento do bolo de cristal (um tipo de pastel chinês gelatinoso e translúcido), do bolo de flores (um tipo de pastel que incorpora pétalas de flores comestíveis) e outros géneros.
Foi durante este período que os enviados japoneses à China, conhecidos como os Emissários de Tang, levaram os pastéis chineses (karagashi em japonês, que significa doçaria chinesa) para o Japão, onde se misturaram com as técnicas locais de confeção de pastéis, dando origem à iguaria tradicional japonesa wagashi.
Os pastéis chineses alcançaram o seu auge na Dinastia Qing, com técnicas sofisticadas e vários sabores. Até se criou a Pastelaria Imperial na Cidade Proibida para fornecer exclusivamente o palácio com as delícias de todas as regiões do país. Desde então, os pastéis chineses dividiram-se gradualmente em duas grandes escolas: a do norte e a do sul, com as variedades de Pequim, Suzhou e Cantão como as mais representativas.
Oito Variedades de Pequim
Ao visitar Pequim, é imperdível experimentar as Oito Variedades de Pequim. Trata-se de um conjunto de oito variedades dos pastéis tradicionais da capital chinesa, cada um com a sua forma e sabor únicos. Originalmente, eram oferendas em rituais de adoração das dinastias Ming e Qing. Posteriormente tornaram-se o presente do Ano Novo Chinês mais escolhido pelos residentes locais e uma lembrança favorita entre os viajantes.
As Oito Variedades de Pequim contêm esse mesmo número de diferentes recheios: pasta de tâmara, ameixa verde, passa de uva, pétalas de rosa, pasta de feijão encarnado, açúcar branco, banana e massa salgada picante. O recheio é envolvido numa massa feita de farinha, água e gordura de porco, com formas variadas, incluindo redonda, achatada, oval, quadrada e em pétala, antes de ir ao forno. Alguns destes pastéis são adornados com os caracteres chineses que simbolizam “felicidade”, “fortuna”, “longevidade” e “alegria”, representando uma combinação perfeita de sabor e bons desejos.
Pastéis à moda de Suzhou
Diz-se que “Lá no céu está o paraíso, cá na terra há Suzhou e Hangzhou”. Além de ser uma zona com paisagens lindas do sul da China, Suzhou tem sido um centro próspero desde a Antiguidade. Numa sociedade antiga, onde os recursos eram escassos, somente as áreas abastadas podiam permitir-se o luxo de consumir “açúcar”, que era considerado um condimento de luxo. De resto, como a região é rica em produção de arroz, muitos dos pastéis típicos de Suzhou são feitos usando cereal moído como o ingrediente principal.
Os pastéis de Suzhou são notavelmente doces, com recheios que frequentemente incluem nozes, pedaços de banha, jasmins-do-imperador (osmanthus) e rosas. Como doçaria mais emblemática é de destacar o bolo de jasmim-do-imperador, o de feijão da China (ou de mungo), o de menta, a tartelete de crisântemo, o pastel de massa folhada e o torrão de sésamo.
Char Siu Bao
Os restaurantes cantoneses estão disseminados por todo o mundo e, provavelmente, o Char Siu Bao (o pão recheado com a carne de porco assado) é a iguaria chinesa que os nossos leitores mais facilmente poderão degustar fora da China.
O Char Siu é uma das receitas mais icónicas da culinária tradicional de Guangdong, Hong Kong e Macau, feito com carne de porco marinada que depois é assada num espeto dentro de um forno.
Char Siu Bao é preparado com esta carne, que é misturada com o molho de ostras, açúcar branco e outros temperos, envolta em massa de trigo e cozida a vapor num cesto de bambu. O recheio de Char Siu tem uma equilibrada proporção de carne magra e gordura, resultando num sabor rico, mas não gorduroso, com um toque adocicado, que deixa um sabor agradável na boca.
Falando de pastéis tão saborosos, talvez muitos leitores já estejam com água na boca. A China tem uma grande variedade de pastéis e outras iguarias culinárias, cuja totalidade seria impossível apresentar num único texto. Se tiverem interesse pela gastronomia chinesa ou por outros aspetos da cultura chinesa, estejam à vontade para deixar os vossos comentários através do e-mail: contato.cultchina@gmail.com. As vossas opiniões e sugestões serão levadas em conta e falaremos sobre aquilo que mais vos interessa nas próximas edições.