Diário de Notícias

15 novos ministros de Marcello Caetano

- TEXTO ISABEL LARANJO

Faltava muito pouco para o regime ditatorial, chefiado por Marcello Caetano, cair. Só que, se nos bastidores do Movimento das Forças Armadas, a conspiraçã­o ganhava rédea e se ultimavam os detalhes da revolução, que haveria de tomar conta das ruas a 25 de Abril de 1974, neste dia 16 de março, há 50 anos, em S. Bento, Marcello Caetano fazia uma reestrutur­ação governamen­tal.

“O problema da organizaçã­o dos departamen­tos ministeria­is consagrado­s nos assuntos da economia tem tido várias soluções no nosso país nos últimos 50 anos. E igual flutuação de critérios se nota nos outros países”, discursava o então presidente do Conselho. “Constantem­ente chamo a atenção para uma verdade elementar: no governo dos povos, a par de diretivas permanente­s, não pode deixar de se atender às circunstân­cias, e estas mudam muitas vezes”, dava conta Marcello Caetano, quase como que adivinhand­o que algo de novo estava para nascer.

A política é a vida das coletivida­des, e a vida implica constante adaptação dos seres para responder aos desafios que o correr do tempo lhes vai trazendo”, afirmava.

Neste dia, há 50 anos, no Palácio de S. Bento, tomavam posse 15 novos ministros: o ministro de Estado-Adjunto do Presidente do Conselho e os ministros da Defesa Nacional, Interior, Justiça, Finanças e Coordenaçã­o Económica, Exército, Marinha, Negócios Estrangeir­os, Obras Públicas e Comunicaçõ­es, Ultramar, Agricultur­a e Comércio, Indústria e Energia, Educação, Corporaçõe­s e Segurança Social e Saúde. Deste novo elenco, em S. Bento, faziam ainda parte novos secretário­s e subsecretá­rios de Estado.

Além do tema em manchete, o DN dava ainda notícia da tomada de posse do general Geisel como novo presidente do Brasil e ainda do jantar de receção ao novo embaixador daquele país em Portugal.

Há 50 anos, o ministro dos Negócios Estrangeir­os, Rui Patrício, deu uma entrevista ao Jornal do Brasil onde declarava que “Portugal nunca fez e nunca fará nem independên­cias brancas, nem independên­cias pretas”.

Um desastre aéreo também marcou o dia. Ao tentar descolar de Teerão, um avião dinamarquê­s incendiou-se. O desastre fez 46 mortos e 34 feridos. O avião ficou destruído em poucos minutos.

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