15 novos ministros de Marcello Caetano
Faltava muito pouco para o regime ditatorial, chefiado por Marcello Caetano, cair. Só que, se nos bastidores do Movimento das Forças Armadas, a conspiração ganhava rédea e se ultimavam os detalhes da revolução, que haveria de tomar conta das ruas a 25 de Abril de 1974, neste dia 16 de março, há 50 anos, em S. Bento, Marcello Caetano fazia uma reestruturação governamental.
“O problema da organização dos departamentos ministeriais consagrados nos assuntos da economia tem tido várias soluções no nosso país nos últimos 50 anos. E igual flutuação de critérios se nota nos outros países”, discursava o então presidente do Conselho. “Constantemente chamo a atenção para uma verdade elementar: no governo dos povos, a par de diretivas permanentes, não pode deixar de se atender às circunstâncias, e estas mudam muitas vezes”, dava conta Marcello Caetano, quase como que adivinhando que algo de novo estava para nascer.
A política é a vida das coletividades, e a vida implica constante adaptação dos seres para responder aos desafios que o correr do tempo lhes vai trazendo”, afirmava.
Neste dia, há 50 anos, no Palácio de S. Bento, tomavam posse 15 novos ministros: o ministro de Estado-Adjunto do Presidente do Conselho e os ministros da Defesa Nacional, Interior, Justiça, Finanças e Coordenação Económica, Exército, Marinha, Negócios Estrangeiros, Obras Públicas e Comunicações, Ultramar, Agricultura e Comércio, Indústria e Energia, Educação, Corporações e Segurança Social e Saúde. Deste novo elenco, em S. Bento, faziam ainda parte novos secretários e subsecretários de Estado.
Além do tema em manchete, o DN dava ainda notícia da tomada de posse do general Geisel como novo presidente do Brasil e ainda do jantar de receção ao novo embaixador daquele país em Portugal.
Há 50 anos, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Patrício, deu uma entrevista ao Jornal do Brasil onde declarava que “Portugal nunca fez e nunca fará nem independências brancas, nem independências pretas”.
Um desastre aéreo também marcou o dia. Ao tentar descolar de Teerão, um avião dinamarquês incendiou-se. O desastre fez 46 mortos e 34 feridos. O avião ficou destruído em poucos minutos.