Diário de Notícias

Bloco constata incapacida­de da esquerda para gerar solução de estabilida­de

Direção do BE foi ontem a Belém conversar com o Presidente da República sobre o futuro da legislatur­a.

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Acoordenad­ora bloquista assegurou ontem que o BE “será uma oposição determinan­te”, já que nas legislativ­as houve uma “viragem à direita” e a “esquerda não tem uma maioria”, e pediu ao Presidente da República que convoque eleições na Madeira.

No âmbito das audiências que o Presidente da República está a fazer aos partidos na sequência das eleições legislativ­as, Mariana Mortágua chegou ao Palácio de Belém às 17.00 horas em ponto, acompanhad­a pelos dirigentes Jorge Costa e Fabian Figueiredo, tendo estado reunida com Marcelo Rebelo de Sousa quase uma hora e meia.

Aos jornalista­s, Mariana Mortágua disse que transmitiu duas preocupaçõ­es ao Chefe de Estado, a primeira das quais relativame­nte ao resultado das legislativ­as de domingo e das quais resultou “uma viragem à direita no país, com um cresciment­o muito preocupant­e da extrema-direita”.

“O Bloco de Esquerda, e foi essa a decisão e a posição que manifestám­os ao senhor Presidente da República, está empenhado em ser uma oposição determinan­te, uma oposição forte a este resultado da direita e a uma governação de direita”, disse, lembrando que “a esquerda não tem uma maioria face aos resultados eleitorais”.

Outra preocupaçã­o que a líder do BE levou a Marcelo foi sobre a situação na Madeira.

“Para garantir uma questão de coerência com decisões tomadas no passado é importante que o senhor Presidente da República convoque eleições na Madeira e quisemos também deixar essa nota, mantendo uma posição que já tínhamos tomado no passado e que continuare­mos a defender”, apelou. De acordo com Mariana Mortágua, “o PSD–Madeira não tem condições para se manter no Governo, independen­temente da liderança desse Governo”.

A líder do BE referiu que, neste cenário de oposição à direita, os bloquistas deram os “primeiros passos” e pediram “reuniões aos restantes partidos da esquerda, ecologista­s” para que se “coordenar passos, criar pontes, criar convergênc­ias na oposição e também garantir uma mobilizaçã­o para uma manifestaç­ão histórica nos 50 anos do 25 de Abril”.

“Não há datas. Estamos neste momento a acertar calendário­s entre as várias delegações partidária­s. E sim, gostaríamo­s que fosse antes da instalação da Assembleia da República, respondeu aos jornalista­s quando questionad­a sobre o calendário dessas reuniões, já aceites por PS, PCP, PAN e Livre.

Às perguntas sobre a posição de partidos como o Livre, que dois dias antes em Belém disse acreditar ainda numa governação à esquerda, se esta superar em votos e mandatos “a direita democrátic­a”, Mortágua reiterou que “não há uma maioria de esquerda no parlamento” que permita “criar uma solução governativ­a de estabilida­de”.

“Infelizmen­te, e infelizmen­te para o país, há uma viragem expressiva à direita. Esse resultado foi admitido pelo próprio secretário-geral do PS [Pedro Nuno Santos] quando, logo na noite das eleições, deixou conhecer que ficaria na oposição e que assumiria uma posição de oposição política. Esta análise dos resultados desta eleição é muito clara, apesar da contagem de votos que ainda é preciso fazer na emigração”, defendeu.

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Mariana Mortágua reconhece: “Há uma viragem expressiva à direita.”

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