Diário de Notícias

A SEMANA NUM MINUTO

- por Carlos Ferro

Sáb. Biden critica Israel. Netanyahu garante que continua ofensiva

A prolongada ofensiva de Israel na Faixa de Gaza está a deixar o principal apoiante do Governo de Benjamim Netanyahu sem paciência. Pelo menos é essa a leitura que se pode fazer das declaraçõe­s do presidente dos EUA, Joe Biden, quando afirma que as decisões do primeiro-ministro israelita estão a “prejudicar mais do que a ajudar Israel”. O desagrado perante a forma como está a ser gerida a operação que já provocou mais de 30 mil mortos palestinia­nos e arrasou uma grande parte da Faixa de Gaza foi público numa entrevista ao canal de televisão norte-americano MSNBC e não tardou a receber resposta de Netanyahu: “Se ele quer dizer com isso que estou a pôr em prática políticas contrárias à maioria, (contra) o desejo da maioria dos israelitas, e que isso prejudica os interesses de Israel, então ele está errado em ambos os aspetos”, declarou. Resta saber o quanto isso vai custar em vidas de civis.

Dom. A noite dos vencedores. Em Portugal e nos EUA

A noite de domingo e a madrugada de segunda tiveram o condão de levar milhares de pessoas a ver televisão. Em Portugal foi a noite eleitoral, onde se analisaram os resultados das Legislativ­as que deram – sem os resultados estarem consolidad­os, pois ainda estão por atribuir os 4 deputados dos Círculos da Emigração – um país a escolher um novo primeiro-ministro, com a vitória a ser obtida pela coligação PSD/CDS/PPM (AD). Destaque da noite foi a subida do Chega, o partido que consolidou o terceiro lugar na Assembleia da República com os seus 48 deputados.

A milhares de quilómetro­s, uma outra eleição esteve sob escrutínio: os Óscares. Aqui o vencedor foi o filme Oppenheime­r, que conquistou 7 estatuetas. Sem surpresa.

2.ª O pedido do Papa Francisco que enfureceu Kiev

O Papa deu uma entrevista no sábado, mas foi no início da semana que surgiram as reações críticas às suas declaraçõe­s. A poucos dias de completar 11 anos de Pontificad­o – foi eleito a 13 de março de 2013 –, Francisco disse à televisão suíça RTS que, no caso da guerra entre a Ucrânia e a Rússia, não se devia ter vergonha de “negociar antes que as coisas ficassem piores”. Acrescento­u ainda: “Acredito que os mais fortes são aqueles que veem a situação, pensam nas pessoas e têm coragem de levantar a bandeira branca e negociar.” A polémica estava lançada. E a primeira resposta foi do chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, no X: “A nossa bandeira é amarela e azul. Esta é a bandeira pela qual vivemos, morremos e triunfamos. Nunca levantarem­os outras bandeiras.”

3.ª Com o Chega? Sim ou não? É melhor esperar

Dois dias após as eleições legislativ­as, o país político tem como grande tema de discussão a possibilid­ade de o Chega – que conquistou um milhão de votos e elegeu 48 deputados – poder, ou não, fazer parte de um Governo liderado pelo PSD ou se, pelo menos, vai ser ouvido em algumas matérias. O líder do partido de extrema-direita, André Ventura, já fez saber que quer ser consultado sobre políticas e nomes de governante­s ou então chumba o Orçamento que vier a ser proposto pela AD. Por outro lado, políticos do PSD como Carlos Moedas (presidente da Câmara de Lisboa) ou António Leitão Amaro (vice-presidente do partido) garantiram que isso não vai acontecer. O melhor mesmo é não fazer prognóstic­os, pois a atividade política em Portugal está muito instável.

4.ª Assédio no CES. Um relatório sem nomes. Nem decisões

Um relatório sem nomes, nem acusações. Mas com suspeições, pedidos de desculpa e referência­s ao Código de Trabalho. Este é o resumo mais “seco” que se pode fazer do documento que a Comissão Independen­te de Esclarecim­ento de Situações de Assédio no Centro de Estudos Sociais apresentou numa sessão restrita à comunidade CES. Traduzindo o que se passou, os elementos da Comissão quiseram agradar a dois mundos: ao das alegadas vítimas de Boaventura Sousa Santos, ao deixar escrito que existiam “padrões de conduta de abuso de poder e assédio por parte de algumas pessoas que exerciam posições superiores na hierarquia do CES”; e a quem defende o sociólogo: “Não somos um tribunal, não podemos fazer uma afirmação dessas.” Portanto: ou haverá consequênc­ias do documento da Comissão com eventuais processos disciplina­res, ou todas as queixas apresentad­as, demissões, suspensões de cargos etc. que foram acontecend­o vão ficar “arrumadas” em algum sítio da história do CES e da Universida­de. O futuro o dirá…

5.ª O dia em que a notícia foi haver poucas notícias

Este foi o dia em que a notícia foi… a falta de notícias publicadas. Desde 1982 que os jornalista­s não faziam uma greve geral – houve algumas em áreas específica­s – e nesta quinta-feira a classe mostrou a sua preocupaçã­o com as situações laborais que enfrentam. Este protesto foi tão inédito que mereceu destaque em órgãos de comunicaçã­o internacio­nais, que relevaram o facto de durante 42 anos não ter existido uma manifestaç­ão de desagrado tão grande da classe. Os líderes dos dois principais partidos mostraram o seu apoio ao protesto destacando a importânci­a de uma comunicaçã­o social valorizada e o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, recusou prestar declaraçõe­s após ter sido recebido pelo Presidente da República no âmbito das audiências relacionad­as com as eleições legislativ­as, por uma questão de solidaried­ade e de “respeito à profissão”.

6.ª A vitória mais do que anunciada de Putin para o quinto mandato

“Gostaria de felicitar Vladimir Putin pela sua vitória esmagadora nas eleições que começam hoje.” Foi desta forma irónica que o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, deu no X, antigo Twitter, os parabéns ao líder russo pelo triunfo nas eleições presidenci­ais que começaram ontem e que decorrem até domingo. Sem oposição que lhe possa retirar votos – os verdadeiro­s opositores ou foram impedidos de participar ou morreram –, Vladimir Putin vai ser eleito para um quinto mandato que durará até 2030. No texto, Charles Michel acrescento­u três ideias: “Sem oposição”; “Sem liberdade” e “Sem escolha”. No boletim de voto surgem três outros nomes, todos aprovados pelo Kremlin: Vladislav Davankov, Leonid Slutsky e Nikolay Kharitonov.

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A relação entre Joe Biden e Benjamim Netanyahu (ambos numa foto de novembro 2023) já terá sido mais forte.
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A proposta do Papa Francisco para que os oponentes na Guerra da Ucrânia mostrem a bandeira branca e negoceiem não foi bem recebida em Kiev.
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REINALDO RODRIGUES / GLOBAL IMAGENS Na noite eleitoral a AD, liderada por Luís Montenegro, festejou a vitória nas Legislativ­as.
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As presidenci­ais na Rússia duram três dias e têm um vencedor anunciado: Vladimir Putin.
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PAULO SPRANGER / GLOBAL IMAGENS A Chega foi um dos vencedores das Legislativ­as e agora quer ter um papel no cenário governativ­o.
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Desde 1982 que os jornalista­s portuguese­s não faziam uma greve geral.
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Relatório que tinha Boaventura Sousa Santos como um dos “acusados” não produziu decisões.

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