Rui Rocha diz que mantém “cenário de base” de negociar “caso a caso” com a AD
Líder da Iniciativa Liberal foi a Belém garantir que “estará disponível” para ouvir Montenegro. Mas o “mais natural” será ficar de fora de Governo.
O presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, manteve na audiência com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, realizada ao início da noite de ontem, a mesma mensagem que passara na véspera. Embora tenha começado por dizer que não prevê que o seu partido participe num provável Governo liderado por Luís Montenegro, pois o “mais natural” será ficar de fora, demonstrou abertura para ouvir o líder da Aliança Democrática (AD) se este tiver interesse em contar com os liberais.
“O cenário de base em que nos movemos é o de estarmos no Parlamento, apresentando as nossas propostas e a nossa visão para o país, de forma responsável e construtiva, e contribuindo no Parlamento para a mudança que me parece evidente que os portugueses quiseram para um país diferente”, disse Rui Rocha, à saída da audiência com Marcelo Rebelo de Sousa, na qual foi acompanhado pelos vice-presidentes da IL, Angélique da Teresa e Ricardo Pais Oliveira.
Deixando a ressalva de que os votos das eleições legislativas ainda não estão todos contados – falta apurar os quatro deputados dos dois círculos da emigração –, Rui Rocha manteve que o cenário mais provável será aquele em que a IL negoceie “caso a caso, peça a peça, momento a momento, Orçamento a Orçamento” com o próximo Governo.
Ainda assim, o líder dos liberais admitiu a disponibilidade “para avaliar outros cenários”, mas deixando sempre essa iniciativa ao vencedor das legislativas. “Se, em virtude dos resultados apurados, houver outro tipo de análise, que implique outra solução mais estrutural, estaremos disponíveis para ouvir”, disse Rui Rocha, ressalvando que “caberá ao partido vencedor analisar os cenários em que se quer mover”.
Inquirido sobre se já falou com Luís Montenegro, Rocha respondeu que não voltaram a contactar-se desde a noite eleitoral. E acrescentou que “não faz sentido haver conversas até os cenários estarem clarificados”, voltando a referir que cabe ao partido vencedor – que admitiu dever ser a AD, e mais concretamente o PSD – “fazer os contactos e diligências que entender”.
“Se os portugueses disseram alguma coisa com clareza é que querem um país diferente e políticas diferentes. Interpretaremos esse desejo e contribuiremos para isso”, disse ainda o presidente do quarto partido mais votado a 10 de março, mas que deverá manter oito deputados, enquanto o Chega, que também mantém a terceira posição, quadruplicou de 12 para pelo menos 48 deputados, tendo ainda a expectativa de poder atingir cinco dezenas, caso obtenha dois dos quatro mandatos em disputa nos círculos da Europa e de Fora da Europa.