Diário de Notícias

Sunak rejeita marcar eleições para 2 de maio

Mais duas figuras de destaque do Partido Conservado­r anunciaram que não vão lutar pela reeleição como deputados. O ministro das Finanças britânico garantiu nunca ter visto um Parlamento onde os deputados conservado­res tenham trabalhado tanto.

- TEXTO ANA MEIRELES

Oprimeiro-ministro britânico descartou ontem a possibilid­ade de convocar eleições gerais para o dia 2 de maio, dando a entender que tal só deverá acontecer mais para o final do ano. Uma garantia que surge depois das crescentes especulaçõ­es na Câmara dos Comuns sugerindo que Rishi Sunak poderia convocar as eleições gerais no mesmo dia das eleições locais no início de maio. “Não haverá eleições naquele dia”, afirmou o líder do Governo conservado­r.

Sunak pode esperar até janeiro para a realização de eleições gerais, mas já disse que estas terão lugar ainda este ano. É esperada uma derrota dos conservado­res, pois, desde o início de 2022, todas as sondagens dão uma vantagem folgada ao Partido Trabalhist­a. Na quinta-feira, também questionad­o sobre a possível data, o primeiro-ministro lembrou que já havia dito “no início deste ano que a [sua] previsão de trabalho era que [teríam] eleições no segundo semestre deste ano”.

Além da esperada derrota, após 14 anos no poder, os conservado­res enfrentam um outro desafio: o número de deputados que já anunciou que não irá lutar pela reeleição. Esta sexta-feira, o secretário de Estado das Forças Armadas, James Heappey, anunciou ter tomado a “dolorosa decisão” de não disputar a sua vaga como deputado. Um dia antes, tinha sido a vez de Brandon Lewis, ex-presidente dos Conservado­res e antigo ministro da Justiça, revelar que não seria candidato. Segundo o diário The Times, Heappey deverá ainda renunciar ao seu cargo ministeria­l no fim do mês devido à insatisfaç­ão com os gastos do Governo em Defesa.

Estes dois deputados juntam-se a 66 outros conservado­res e antigos conservado­res que tornaram público, até agora, que vão deixar o Parlamento nas eleições – o maior número desde a vitória esmagadora trabalhist­a de Tony Blair em 1997. O nome mais proeminent­e é o da antiga primeira-ministra Theresa May, que revelou, na semana passada, que o seu percurso de 27 anos como deputada terminaria com as eleições.

Paralelame­nte, o Financial Times avançou ontem com números que mostram que, embora os deputados britânicos possam ter feito um número normal de sessões parlamenta­res em 2023, o dia médio de sessão em 2022-23 foi quase meia hora mais curto do que a média dos últimos 25 anos. Na sessão atual, o dia médio de sessão é quase 50 minutos mais curto.

O Gabinete do primeiro-ministro rejeitou as alegações de que estes valores significam que o Governo ficou sem o que fazer. “Acredito que o número de dias que a Câmara dos Comuns esteve reunida em 2023 foi consistent­e com os anos anteriores”, referiu o porta-voz de Downing Street. Já o ministro das Finanças, Jeremy Hunt, garantiu que os deputados estão trabalhar mais do que nunca. “Penso que há muitas coisas que as pessoas querem dos seus deputados, mas a aprovação de mais leis provavelme­nte não está no topo da lista. O mais importante é o quão arduamente estão a trabalhar nos seus círculos eleitorais, e eu diria, (...) que nunca vi um Parlamento onde os deputados conservado­res tenham trabalhado mais arduamente do que este Parlamento para fazer a coisa certa pelos seus constituin­tes.”

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