À descoberta do turismo industrial por esse país fora
Até ao fim do mês, há quase 180 atividades em que participar no âmbito de uma iniciativa que pretende promover este segmento turístico. Oportunidade para conhecer por dentro a indústria nacional, seja a visitar uma fábrica de conservas seja a pintar uma peça de olaria.
Em Azeitão, poderá fazer uma visita a fábrica Leiveira e acompanhar todo o processo de fabrico artesanal do azulejo, desde o barro à pintura. Em Setúbal, é possível uma visita à antiga fábrica Perienes – Museu do Trabalho Michel Giacometti –, no espaço da indústria conserveira. Em Lisboa, haverá a possibilidade de ver o corpo das máquinas e algumas áreas reservadas da Estação Elevatória Barbadinhos a Vapor do Museu da Água. São apenas três das quase 180 atividades que integram o programa da 3.ª edição da iniciativa À Descoberta do Turismo Industrial, que vai decorrer em todo o país, entre os dias 16 e 30 de março.
O evento, promovido pelo Grupo Dinamizador da Rede Portuguesa do Turismo Industrial, vai realizar-se de norte a sul de Portugal continental e também nos Açores e inclui visitas a fábricas em laboração, a museus e a espaços que contam a evolução da indústria portuguesa.
“Pretende ser uma iniciativa muito orientada para o público português, de descoberta e divulgação de todo um conjunto de atividades e experiências que acontecem em recursos de Turismo Industrial”, explicou a coordenadora do Grupo Dinamizador da Rede Portuguesa do Turismo Industrial, Teresa Ferreira, à Agência Lusa.
É no Norte que há mais atividades. Em Arouca, por exemplo, está prevista uma visita guiada ao Fabrico do Pão de Ló de Arouca para descobrir como surgiu a receita do Pão de Ló nos Anos 1840 e como se mantêm as formas de produção mais artesanais, para preservar a essência da casa mais antiga da região.
Em Barcelos, poderá visitar o Museu do Chocolate Avianense e personalizar a embalagem de uma tablete de chocolate ou manusear o barro numa roda de oleiro na Cerâmica Norterra. Já em Freixo de Espada à Cinta, poderá assistir à demonstração da extração artesanal da seda, desde o desfiar do casulo até à transformação no seu produto final no Museu da Seda.
Descendo até Cantanhede, a iniciativa permite uma visita à cave de espumante, à zona de remuage e de dégorgement, ao parque das barricas de carvalho, dos autovidantes e depósitos inox, e ainda à zona de descarga das uvas e de pesagem do grau alcoólico, passando pelas linhas de engarrafamento e pelo armazém de produtos acabados.
Já em Ílhavo, nada como ir ao Museu da Vista Alegre para demonstração ao vivo de pintura a pincel ou para participar numa oficina de olaria.
No Alentejo, pode-se visitar o Parque Mineiro de Aljustrel ou descobrir lagares. No Algarve, além de experiências mineiras, haverá, por exemplo, provas de vinhos, visitas a fábricas, das conservas à cortiça, e às salinas e degustação de azeite e medronho.
“São atividades que as comunidades reconhecem e uma maneira de descobrir determinadas regiões de outra forma”, frisou Teresa Ferreira, para quem este tipo de atividades ligadas à indústria “tem tudo a ver com a identidade dos territórios”.
Além do mais, continuou, “a interação do turismo com outros setores de atividade também é muito importante como contributo do setor para o bem-estar das comunidades e para a atividade económica em geral do país”.
De acordo com esta responsável, que é também diretora do Departamento de Dinamização dos Recursos Turísticos do Turismo de Portugal, a 1.ª edição desta iniciativa, em 2022, teve cerca de 2500 participantes no conjunto de 100 atividades, número que, em 2023, aumentou para 4000 participantes, com mais atividades. “Gostávamos muito que a agenda deste ano pudesse subir em número de participantes”, admitiu.
Muitas destas atividades decorrem em dias específicos e são pagas, pelo que se recomenda a consulta do programa e a marcação prévia. “O desafio é consolidar, crescer e promover este segmento” turístico, concluiu Teresa Ferreira.