Diário de Notícias

Trump em comício: “Banho de sangue”, fim das eleições e imigrantes não-humanos

Porta-voz do republican­o diz que declaraçõe­s foram tiradas do contexto, mas não desmentiu a retórica desumaniza­dora contra os imigrantes.

- CÉSAR AVÓ

Acampanha de Donald Trump tentou desvaloriz­ar algumas das mais controvers­as frases que o candidato proferiu num comício em Vandalia, no estado do Ohio, em especial quando afirmou que, caso não vencesse as eleições de 5 de novembro, o país iria conhecer “um banho de sangue”. Para o porta-voz da campanha, Steven Cheung, Trump estava a falar sobre o impacto de um segundo mandato de Biden na indústria automóvel e na economia em geral.

“O desonesto Joe Biden e a sua campanha estão a fazer uma montagem enganosa e fora do contexto”, afirmou Cheung. Trump estava a prometer combater os planos da indústria automóvel chinesa, com fábricas no México, aplicando taxas aduaneiras. “Agora, se eu não for eleito, vai ser um banho de sangue para todos. Isso será o mínimo. Vai ser um banho de sangue para o país”, afirmou. Indicação de que não se referia apenas à indústria automóvel, Trump disse pouco depois que não tinha a certeza de que, se não fosse eleito, as próximas eleições presidenci­ais “não [fossem] as últimas” nos EUA. “Acho que se não ganharmos este país não vai ter outras eleições, ou pelo menos com significad­o”, prosseguiu, antes de dizer que 5 de novembro é “a data mais importante na história” dos Estados Unidos.

As declaraçõe­s do ex-presidente, cuja equipa de advogados tem conseguido adiar o início de quatro julgamento­s, levou a que a campanha de Joe Biden respondess­e também com dramatizaç­ão ao acusar Trump de aumentar “as suas ameaças de violência política”. O porta-voz da campanha de Biden, James Singer, afirmou em comunicado: “Ele [Trump] quer outro 6 de janeiro, mas o povo norte-americano vai dar-lhe outra derrota eleitoral em novembro porque continua a rejeitar o seu extremismo, a sua afeição pela violência e a sua sede de vingança.”

Sobre a retórica contra os imigrantes não houve desmentido sobre palavras fora do contexto. Trump dixit: “Não sei se lhes podemos chamar pessoas. Nalguns casos não são pessoas, na minha opinião. Mas não me é permitido dizer isso, porque a esquerda radical diz que é uma coisa terrível de se dizer.” Em outubro, Trump teve uma tirada que o levou a ser comparado com Hitler, ao afirmar que os imigrantes estão a “envenenar o sangue” dos EUA. O mais do que provável candidato republican­o chamou ao fluxo de imigrantes de “invasão do Joe Biden”. O presidente tem acusado Trump de impedir a aprovação de legislação bipartidár­ia para uma intervençã­o com mais meios na fronteira sul.

Num jantar em Washington, Biden respondeu: “Um dos candidatos é demasiado velho e mentalment­e incapaz para ser presidente”, disse sobre a corrida presidenci­al. “O outro tipo sou eu.”

Trump chamou “reféns” aos presos pela invasão ao Capitólio.

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