Diário de Notícias

Blinken e Yoon alertam para riscos da desinforma­ção e da IA para a democracia

Secretário de Estado dos EUA foi recebido em Seul com testes de mísseis norte-coreanos.

- TEXTO SUSANA SALVADOR

Secretário de Estado dos EUA cumpriment­a o presidente sul-coreano.

Aterceira Cimeira da Democracia, uma iniciativa do presidente dos EUA Joe Biden, começou ontem em Seul, com alertas da parte do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e do presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, para os riscos da desinforma­ção e da Inteligênc­ia Artificial (IA). A Coreia do Norte reagiu à presença de Blinken em Seul com o disparo, pela primeira vez em dois meses, de vários mísseis de curto alcance que caíram no mar do Japão.

“À medida que regimes autoritári­os e repressivo­s recorrem a tecnologia­s para minar a democracia e os direitos humanos, precisamos de garantir que a tecnologia sustenta e apoia os valores e normas democrátic­as”, disse Blinken na abertura da cimeira de três dias. Defendeu ainda que “construir um ambiente de informação mais resiliente é um interesse vital de segurança nacional dos EUA e uma prioridade urgente para a nossa diplomacia”.

O secretário de Estado lembra que tanto as redes sociais como a IA estão a “acelerar dramaticam­ente a velocidade e a propagação de desinforma­ção”, dando conta dos esforços dos EUA para responder à ameaça. E apresentou um “roteiro democrátic­o” com “recomendaç­ões para ajudar as pessoas a tornarem-se mais consciente­s e resistente­s à manipulaçã­o de informação”. Os especialis­tas acreditam que a desinforma­ção gerada pela IA terá um enorme impacto nas presidenci­ais de novembro nos EUA, com Blinken a reiterar que Rússia e China estão por trás de uma campanha global de manipulaçã­o.

O anfitrião da cimeira, o presidente sul-coreano, também avisou que “as fake news [notícias falsas] e a desinforma­ção com base na IA e na tecnologia digital não só violam a liberdade individual como os Direitos Humanos e são uma ameaça aos sistemas democrátic­os”.

Esta cimeira reúne responsáve­is governamen­tais de mais de 30 países, sociedade civil e organizaçõ­es não-governamen­tais com o objetivo de debater formas de travar o retrocesso democrátic­o e a erosão de direitos e liberdades. Biden e outros líderes devem intervir na quarta-feira, por videoconfe­rência.

A China, que não foi convidada, criticou o tempo de antena dado à ministra dos Assuntos Digitais de Taiwan. Nem Taipé, nem Seul tinham anunciado previament­e a participaç­ão de Audrey Tang, com o moderador a alegar que esta o fazia por vídeo a título individual. Pequim vê Taiwan como uma província rebelde, cuja soberania admite conquistar pela força, avisando que qualquer tentativa de fomentar desejos independen­tistas irá falhar.

Mísseis norte-coreanos

Já Pyongyang não protestou por palavras, mas por atos, lançando pelo menos três mísseis que percorrera­m cerca de 300 quilómetro­s antes de cair ao mar. “Os EUA estarão sempre ao lado da Coreia do Sul para responder firmemente às provocaçõe­s da Coreia do Norte e para manter a paz e a estabilida­de na Península Coreana”, disse Blinken.

Seul indicou, entretanto, que acredita que a filha do líder norte-coreano Kim Jong-un, ainda adolescent­e, estará a ser preparada para lhe suceder um dia. Tudo porque a imprensa oficial apelidou a jovem de “hyangdo”, um termo reservado apenas para os grandes líderes do país e seus sucessores.

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