Inovação na deteção precoce do cancro
De Londres chegava a notícia de que seria possível detetar, de forma precoce, a existência de cancro, através da medição de certas proteínas no sangue do doente. O Golpe das Caldas ainda era assunto, no dia em que tomava posse o novo CEMFA.
Detetar o cancro antes de a doença se manifestar era uma das principais notícias destacadas na primeira página do DN de há 50 anos. “Dentro de meses, será possível detetar na Inglaterra, com bastantes probabilidades de êxito, quando uma pessoa sofre de cancro”, lia-se. O segredo estava numa análise, já antes utilizada nos Estados Unidos e que, então, chegava à Europa.
“Um laboratório médico anunciou em Londres estar preparado para iniciar este tipo de provas, que há pouco tempo foi introduzido nos Estados Unidos”, prosseguia a notícia. “A análise não serve para confirmar definitivamente se uma pessoa padece do mal, mas é útil para detetar no organismo humano certos tipos de proteínas, que recentes investigações revelaram possuir em maior proporção as vítimas de cancro.”
Já o Golpe das Caldas, um prenúncio da revolução que havia de chegar daí a poucos dias, continuava a ser desvalorizado. “O Malogro da Sublevação Militar das Caldas – é o motivo para confiarmos no caminho da política ultramarina que temos prosseguido”, lia-se, no canto inferior esquerdo da primeira página. Eram declarações de Albino Reis, “decano dos parlamentares na Assembleia Nacional”. Esta chamada de primeira página era encimada por outra, também diminuindo a importância do Golpe das Caldas. “As Forças Armadas Portuguesas deram um belo exemplo de unidade e disciplina.”
O artigo referia-se ao editorial do jornal espanhol Arriba, da autoria de Gomez Tello. Então escrevia este: “A forma como se desenrolaram os acontecimentos demonstra que não se tratava de uma revolta de centuriões, mas de um ato isolado sem verdadeira profundidade.”
Houve ainda notícia de dois militares mortos e 14 feridos no Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE), em Lamego, na sequência da explosão de uma granada.
Por outro lado, o subsecretário de Estado da Informação e do Turismo estava atento a este setor da Economia. “Temos de fazer desta Secretaria de Estado um serviço moderno e especializado.”
E a rainha Isabel II, de Inglaterra, também tinha direito a chamada de capa. Comentava-se que, segundo o jornal britânico Daily Mirror, a rainha tinha evitado o divórcio da princesa Margarida.