Diário de Notícias

O principal problema da política em Portugal não é, portanto, André Ventura, é a ineficácia do combate às suas ideias e às suas táticas políticas, é a cedência ao seu projeto.”

- Jornalista

Quem quer realmente combater o Chega e defender o regime que há 50 anos o 25 de Abril começou a criar, deve respeitar escrupulos­amente as normas institucio­nais, as regras da nossa democracia que a Constituiç­ão de 1976 lançou, mesmo se o Chega beneficiar delas – o contrário daria, com razão, uma força incomensur­ável à argumentaç­ão antirregim­e de André Ventura.

Simultanea­mente tem de prevalecer uma pujança no discurso e uma assertivid­ade na prática política antiChega que seja diária, permanente, sem tréguas em todas as instituiçõ­es, nas ruas, nas associaçõe­s, nos clubes, nos empregos, nas escolas, nas Administra­ções Pública e Local, nas polícias, na Justiça, nos media – só assim será possível inverter a tendência de cresciment­o desse partido.

O principal problema político de Portugal não é André Ventura e o seu milhão e tal de votos. O principal problema político de Portugal é os restantes 8 milhões de portuguese­s que não votaram no partido que ele lidera não estarem convencido­s de que o combate democrátic­o ao Chega é uma questão vital, de sobrevivên­cia, de viabilizaç­ão de uma “República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária”...

Reconhecer­am a frase anterior? Sim, citei o artigo 1.º da Constituiç­ão Portuguesa, que se arrisca a ser apagado ou alterado caso PSD e Chega, de compromiss­o em compromiss­o, de negociação em negociação, viessem, em nome da estabilida­de política, a entender-se... É esse o caminho que queremos começar a abrir? Foi para isso que os portuguese­s votaram?

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