Diário de Notícias

“Já não sou a melhor pessoa para o cargo.” Varadkar deixa de ser primeiro-ministro

Líder do Governo de Dublin invocou razões “pessoais e políticas”. Oposição quer já a marcação de eleições antecipada­s para escolher um novo Governo.

- TEXTO ANA MEIRELES Com AGÊNCIAS

Leo Varadkar anunciou ontem que vai abandonar os cargos de primeiro-ministro da Irlanda e de líder do partido Fine Gael, citando razões “pessoais e políticas”. Analistas consideram esta decisão uma surpresa, tomada a dez semanas das eleições europeias e locais, consideran­do-a um “terremoto político”. O vice-primeiro-ministro Michael Martin, líder do Fianna Fail, o principal parceiro da coligação, afirmou que o anúncio de Varadkar foi “inesperado” e disse esperar que o Governo cumpra o seu mandato até ao fim.

Visivelmen­te emocionado, Varadkar, que cumpria o seu segundo mandato como primeiro-ministro e aos 45 anos continua a ser um dos líderes mais jovens da Europa, disse sentir que já não é a “melhor pessoa” para liderar o país.

“Os políticos são seres humanos. Temos as nossas limitações”, declarou, a partir dos degraus dos edifícios governamen­tais em Dublin, rodeado pelos seus colegas de gabinete do Fine Gael. “Damos tudo até não podermos mais e então temos de seguir em frente.”

Leo Varadkar informou que o Fine Gael (centro-direita) terá uma disputa pela liderança e que permanecer­á como primeiro-ministro até que o novo líder seja eleito, depois do regresso do Parlamento aos trabalhos, em abril.

Na sua intervençã­o, Varadkar garantiu também acreditar na reeleição da coligação governamen­tal. Mas acrescento­u: “Acredito que um novo taoiseach [primeiro-ministro] estará em melhor posição do que eu para conseguir isso, para renovar e fortalecer a equipa de topo, para reorientar a nossa mensagem e políticas e para impulsiona­r a implementa­ção”. “Depois de sete anos no cargo, já não sou a melhor pessoa para este cargo”, admitiu. “As minhas razões para renunciar agora são pessoais e políticas, mas principalm­ente políticas”, disse também, sem dar mais detalhes.

O ainda primeiro-ministro irlandês abandona o cargo depois de ter sido responsabi­lizado, no início deste mês, por uma dupla derrota num referendo sobre propostas de reforma das referência­s às mulheres, à família e aos cuidados na Constituiç­ão da Irlanda. O seu Fine Gael perdeu também cinco eleições parciais recentes, o que levou alguns a verem Varadkar como um risco eleitoral, sendo que dez deputados do partido anunciaram que não pretendem concorrer nas próximas eleições.

Analistas políticos disseram ontem não esperar uma eleição após este anúncio, mas a oposição parece ter outra opinião. A líder do Sinn Fein, Mary Lou McDonald, apelou a que Leo Varadkar convoque eleições antecipada­s, defendendo que seria “impensável” que um “conclave” de políticos do Fine Gael decidisse quem será o próximo primeiro-ministro da República da Irlanda.

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Varadkar cumpria o seu segundo mandato à frente do Governo.

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