Confederação do Turismo contesta chumbo da APA ao Montijo
Francisco Calheiros reitera que o Montijo continua a ser a melhor opção para resolver a urgência d a falta de capacidade da Portela, e aponta o dedo às conclusões finais da CTI.
Opresidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) critica o chumbo da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) à prorrogação da Declaração de Impacte Ambiental (DIA) do aeroporto do Montijo. Francisco Calheiros assegura não compreender a posição da APA e questiona os argumentos apresentados. “Têm de me explicar porque é que há meia dúzia de anos a DIA foi possível e agora não. Às vezes falamos do Montijo e parece que estamos a falar de um supermercado. O Montijo é um aeroporto onde levantam todos os dias aviões. Não consigo entender”, disse ao DN/Dinheiro Vivo à margem do XX Congresso da Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal (ADHP), que arrancou ontem, em Aveiro.
A APA decidiu não renovar a DIA do aeroporto do Montijo, no final de janeiro, após um parecer desfavorável do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Depois da contestação da ANA Aeroportos, a APA voltou a indeferir a prorrogação no início desta semana.
Para Francisco Calheiros, este veto não deita por terra a hipótese de o Montijo vir a ser considerado como opção para o novo aeroporto. “E das outras opções estratégicas, alguma tem DIA? Nenhuma tem. Neste momento, o Montijo está em igualdade de circunstâncias com os outros. Há especialistas que defendem que as razões do chumbo não fazem sentido. Tem mais a ver com tráfego no futuro do que propriamente com condições ambientais”, aponta.
Ao relatório final elaborado pela Comissão Técnica Independente (CTI) sobre o futuro aeroporto, cujas conclusões foram conhecidas na semana passada, reage com desaprovação. “Aparentemente, desde o início que a CTI estava muito inclinada para Alcochete – o que se veio a verificar. A CTI anulou Santarém e depois voltou a introduzir a opção. Se me derem uma alternativa mais barata e mais rápida ao Montijo, mudo logo [de opinião]. Só me agarro ao Montijo porque era a única opção que tinha uma DIA – neste momento não tem – é a única que tem uma negociação já feita com a concessionária, basta
Francisco Calheiros pede a Luís Montenegro uma decisão rápida sobre o novo aeroporto de Lisboa.
dizer: ‘ANA faz o Montijo’, e a ANA tem de fazer, é a opção mais rápida e a mais barata”, insiste.
O grupo de trabalho liderado por Maria do Rosário Partidário aponta o Campo de Tiro de Alcochete e Vendas Novas como as opções mais vantajosas para responder à falta de capacidade aeroportuária da capital, a longo prazo. A CTI admite, ainda, que Santarém possa ser viável numa solução dual complementar à Portela. Ao Montijo, levantou cartão vermelho não recomendando que seja considerado.
O líder da CTP garante que nenhuma das opções é de rápida execução e que não responde ao esgotamento imediato da Portela. “Serão dezenas de anos para ter um aeroporto, a minha pergunta é só uma: o que é que vamos fazer? É Vendas Novas, é Santarém? Ficaremos então 20 anos sem aeroporto. Quero rapidez e rapidez é Montijo. A capacidade da Portela está esgotada, qualquer solução complementar vai demorar”, sublinha.
Francisco Calheiros relembra ainda o bom desempenho do turismo nos últimos anos e alerta para o impacto que uma não decisão do novo aeroporto tem no setor. “Estamos a recusar slots todos os dias, dos Estados Unidos, da Ásia, do Caum
“É Vendas Novas, é Santarém? Ficaremos então 20 anos sem aeroporto. Quero rapidez e rapidez é Montijo.” Francisco Calheiros Presidente da CTP
nadá. São turistas que toda a gente quer, porque ficam mais noites e gastam mais, nós recusamos porque não temos slots”, lamenta.
Ministério do Turismo
O presidente da CTP quer que o novo Governo dê palco ao turismo e pede a criação de um ministério próprio. “É importante sabermos como é que vai funcionar o turismo. A CTP considera que deve haver um Ministério do Turismo, não por qualquer deslumbramento de ter
ministério, mas por causa da sua transversalidade, é importante termos um ministro sentado no Conselho de Ministros por causa dos problemas das Finanças, da Administração Interna, dos Negócios Estrangeiros, etc.”, defende, relembrando que na última legislatura o turismo partilhou a secretaria de Estado com o Comércio e Serviços.
A Luís Montenegro pede decisões rápidas sobre o novo aeroporto, a TAP e a ferrovia, uma reforma fiscal para as empresas e apoios à consolidação e internacionalização. “As empresas de turismo recuperaram bem da pandemia, tiveram um bom ano em 2023 e deveria haver apoios à consolidação de empresas com maior dimensão para se poderem internacionalizar, temos de ir lá para fora”, remata.
Também o presidente da ADHP, Fernando Garrido, pediu ontem ao primeiro-ministro indigitado que resolva os problemas aeroportuários , da ferrovia e laborais. “É fundamental que o novo Governo tenha a coragem e reúna a convergência das forças políticas, para que se assuma a resolução destes problemas estruturais em prol do país”.
A jornalista viajou a convite da ADHP