Zelensky pede mais armas à UE no dia em que a Rússia lançou mísseis contra Kiev
“A utilização de artilharia na linha da frente pelos nossos soldados é humilhante para a Europa”, disse o presidente da Ucrânia perante os líderes dos 27.
AUcrânia anunciou ter derrubado 31 mísseis russos lançados ontem na direção de Kiev, no maior ataque contra a capital do país nas últimas semanas, depois de Vladimir Putin ter prometido vingança contra os bombardeamentos ucranianos nas regiões fronteiriças da Rússia.
Após os ataques na capital ucraniana, que fizeram 17 feridos, o presidente Volodymyr Zelensky pediu novamente aos aliados ocidentais que enviem mais sistemas antiaéreos. “Este terror prossegue dia e noite”, afirmou Zelensky no Telegram. Mas “é possível acabar com isso” se houver uma “unidade global”, acrescentou.
Este mesmo apelo foi feito diretamente aos líder dos 27 países da União Europeia, reunidos esta quinta-feira em Bruxelas num Conselho Europeu onde o apoio militar a Kiev é um dos assuntos em cima da mesa. “Esta é a guerra da Rússia não só contra a Ucrânia, mas contra todos nós, também contra os vossos países, contra toda a nossa Europa e o modo de vida europeu”, disse Zelensky aos líderes europeus através de videoconferência. “Toda a defesa aérea fornecida à Ucrânia, em particular pelos países europeus, mantém vivas as nossas cidades e aldeias. Mas os sistemas de defesa aérea existentes não são suficientes para proteger todo o nosso território do terror russo. E não se trata de centenas de sistemas, mas de um número alcançável – para proteger todo o território da Ucrânia. Todos vocês sabem quais etapas precisam ser tomadas”, prosseguiu o líder ucraniano. Zelensky sublinhou ainda a questão das munições: “Estou grato pela criação do Fundo de Assistência à Ucrânia, no valor de cinco mil milhões de euros, e pelo apoio à iniciativa da Chéquia de comprar munições para os nossos soldados. Isso vai ajudar, obrigado. Infelizmente, a utilização de artilharia na linha da frente pelos nossos soldados é humilhante para a Europa, no sentido de que a Europa pode fornecer mais. E é crucial provar isso agora.”
Os trabalhos do Conselho Europeu começaram ontem com com algum atraso, depois de os líderes europeus terem tido um almoço informal de duas horas e meia com o secretário-geral da ONU, António Guterres, onde foi reafirmado o “o apoio positivo e mútuo” entre Nações Unidas e UE e discutida “a ajuda humanitária a Gaza e a situação no Médio Oriente”, outros dos temas desta cimeira.
Quanto a decisões sobre a Ucrânia, a Hungria, através de Balázs Orbán, diretor político do primeiro-ministro, Viktor Orbán (não são familiares), havia dito a meio da tarde que se iria opor ao plano da Comissão Europeia de utilizar 90% dos lucros dos ativos congelados da Rússia, avaliados em cerca de três mil milhões de euros anuais, para comprar armas para a Ucrânia.
Guterres esteve reunido com Charles Michel e os líderes dos 27.