Mais de mil mulheres juntas em nome da igualdade
Organizado pelo Movimento Democrático de Mulheres, o encontro contou, entre outros, com o líder do PCP, Paulo Raimundo.
Mais de mil pessoas concentraram-se ontem na Praça do Rossio, em Lisboa, numa manifestação nacional de mulheres organizada pelo Movimento Democrático de Mulheres (MDM) pela igualdade de direitos e para defender as conquistas de Abril de 1974. “Somos muitas, muitas mil, mulheres unidas a defender Abril!”, gritaram as mulheres presentes na manifestação.
De várias zonas do país, as pessoas que participaram nesta iniciativa do MDM, sobretudo mulheres de todas as idades, desfilaram da Praça do Rossio em direção ao Largo do Carmo.
Erguendo cravos vermelhos, símbolo da Revolução do 25 de Abril de 1974, as mulheres juntaram-se: “Pela igualdade a que temos direito, não voltaremos atrás!”, foi uma das frases de ordem da manifestação.
“As mulheres estão a passar por uma situação de grande dificuldade, diria até de alguma desesperança”, afirmou Sandra Benfica, do secretariado nacional do MDM, referindo que continuam a faltar respostas para “problemas tão antigos” como o acesso ao trabalho com direitos, a precariedade, a desregulação dos horários de trabalho, o aumento do custo de vida e o aumento das diferentes expressões de violência contra as mulheres.
Em declarações à Lusa, Sandra Benfica disse que é preciso “continuar esse caminho de aprofundamento e de construção de Abril”, afirmando que “Abril não é passado, Abril é futuro”. “Efetivamente nós temos igualdade plasmada nas leis, mas essa igualdade cada vez está mais afastada das nossas vidas”, sublinhou a representante do MDM.
Sobre a presença de mais de mil pessoas na manifestação, a responsável afirmou que “esta adesão corresponde à identificação do problema, a uma vontade, a uma determinação, a uma força que cresce nesta ideia: Somos mulheres, temos direitos, estamos aqui para os defender e recusamo-nos a voltar atrás”.
Este é o oitavo ano consecutivo em que se realiza esta manifestação nacional de mulheres, que é culminar das comemorações pelo MDM do Dia Internacional da Mulher, que se celebra a 8 de março.
A manifestação contou com a presença de uma delegação da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional (CGTP-IN) e do secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, que realçou a força e determinação das mulheres “para não permitir que se recue naquilo que foi conquistado” após o 25 de Abril de 1974. Pelo meio, deixou também críticas ao PS, que deixou “muita coisa por fazer” nesta área. “A questão dos salários e a questão dos direitos dos trabalhadores e, neste caso, das trabalhadoras, é uma questão essencial até para a democracia. Não há democracia, não há Abril, sem a igualdade e sem o fim da discriminação das mulheres. Muita coisa ficou por fazer e, aliás, a prova de muita coisa por fazer é tudo aquilo que está por cumprir e não está em concretização. Naturalmente, o Partido Socialista tem responsabilidades nisso”, declarou Paulo Raimundo.