Diário de Notícias

Acusações de irrelevânc­ia e trocas de insultos marcam Conselho Nacional da IL

Referência a uma “seita de indefetíve­is” agitou ânimos entre apoiantes e críticos da liderança de Rui Rocha. E falou-se dos riscos da estagnação.

- TEXTO LEONARDO RALHA

Omal-estar existente na Iniciativa Liberal (IL) teve um novo episódio no Conselho Nacional que decorreu neste domingo, em Coimbra, com o que participan­tes contactado­s pelo DN admitem ter sido uma audível troca de insultos entre dirigentes afetos e críticos da liderança de Rui Rocha.

O auge da tensão na reunião dos liberais, convocada para discutir o cenário decorrente das legislativ­as de 10 de março e as suas consequênc­ias para o partido, ocorreu depois da intervençã­o de um dos conselheir­os nacionais conotados com a oposição interna. Rafael Corte Real, que integrou a Comissão Executiva de João Cotrim de Figueiredo e foi um dos principais apoiantes de Carla Castro na disputa interna em que Rui Rocha saiu vencedor, agitou alguns membros da direção ao questionar se “valeu a pena reduzir este partido a uma seita, composta de indefetíve­is”.

O recurso à expressão “seita”, ouvindo-se de viva voz aquilo que há muito tempo é comentado em surdina pelos membros da IL desalinhad­os com a liderança, teve o condão de gerar uma troca de insultos que não teve maiores consequênc­ias do que tornar ainda mais patente o afastament­o entre alguns dos que coincidira­m nos órgãos dirigentes quando, nas legislativ­as de 2022, Cotrim de Figueiredo elevou a IL de um deputado único para um grupo parlamenta­r de oito.

Oito foi justamente o número de eleitos a 10 de março – a perda do quarto mandato no Círculo de Lisboa foi compensada pela “estreia” em Aveiro –, enquanto o Chega multiplica­va a representa­ção parlamenta­r, de 12 para 50 deputados. Uma “estagnação” realçada nas palavras de Corte Real, para quem “mais valia” ter ocorrido uma “derrota estrondosa” em vez de um resultado que coloca em causa o propósito do partido.

Apesar de mesmo os mais críticos admitirem que Rui Rocha fez uma boa campanha eleitoral, com prestações positivas nos debates – “até ficou bonito”, disse Rafael Corte Real, durante o Conselho Nacional, obtendo então gargalhada­s dos participan­tes –, não foi esquecido que a IL perdeu relevância e apoio entre os jovens, não conseguind­o atingir o objetivo eleitoral. Já não os 15% que o líder prometeu ao ser eleito, em janeiro de 2023, quando a maioria absoluta do PS fazia pensar que a legislatur­a só terminaria em 2026, e sim 7,5%, bem acima dos 4,94% finais. Ou os 12 deputados, objetivo que passava por ter mais dois eleitos em Lisboa (apesar da saída de Cotrim de Figueiredo e de Carla Castro), mais um no Porto e o cabeça de lista por Leiria.

Mesmo sem lá ter chegado, e sem garantir maioria absoluta à AD – ou vantagem sobre a soma do PS com partidos da esquerda e PAN –, Rocha mantém que cabe a Luís Montenegro decidir se quer os liberais no Governo.

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Prestação de Rui Rocha na campanha eleitoral mereceu elogios.

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