Da vitória à derrota: Trump terá de pagar menos, mas irá a julgamento a 15 de abril
Recurso reduziu valor da caução a pagar no caso em que exagerou o valor dos seus negócios. Mas outro juiz recusou adiar processo que envolve ex-estrela porno.
Com quatro processos criminais em curso e os recursos de condenações em processos civis a decorrer em simultâneo, o dia em tribunal de Donald Trump pode ser ao mesmo tempo de vitória e de derrota. Um tribunal de recurso de Nova Iorque decidiu reduzir a caução que o candidato republicano terá de pagar no caso em que foi condenado por inflacionar o valor dos seus bens para obter benefícios junto de bancos e seguradoras. Uma vitória para o candidato republicano, que estava sentado noutro tribunal do mesmo estado a ouvir o juiz rejeitar os seus pedidos para adiar o caso por falsificação de documentos, relacionado com os pagamentos a uma antiga estrela pornográfica. Este julgamento, que será o primeiro a nível criminal, começa a 15 de abril.
Voltando à vitória. Trump tinha até ontem para arranjar garantias de que conseguiria desembolsar os cerca de 454 milhões de dólares que, ao abrigo da condenação em 1.ª Instância a 16 de fevereiro, terá de pagar por ter cometido fraude financeira. O ex-presidente já recorreu dessa sentença, mas tem na mesma de provar que terá o dinheiro para pagar, caso esta se mantenha (daí a caução).
A procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James, tinha garantido que se o ex-presidente não conseguisse pagar arranjaria forma de garantir o dinheiro – ameaçando confiscar parte dos seus bens, incluindo a Trump Tower. Na sexta-feira, o candidato republicano fez um negócio em torno da sua rede social, a Truth Social, mas esse dinheiro só estará disponível em seis meses. O tribunal de recurso veio contudo em seu auxílio: em vez de 454 milhões de dólares, só terá que arranjar 175 milhões – e tem mais dez dias para o fazer. Trump disse que o fará o mais rapidamente possível.
Mas não pode respirar de alívio. Noutro processo, o juiz Juan Merchan rejeitou os pedidos dos advogados do ex-presidente para adiar o julgamento sobre os pagamentos feitos a Stormy Daniels. Em causa não está o dinheiro pago à estrela pornográfica antes da campanha de 2016 para que não viesse a público com o caso que ambos terão tido. O problema é a falsificação de documentos empresariais para justificar os pagamentos.
Os advogados queriam adiar o julgamento, que inicialmente estava previsto começar ontem, pelo menos 90 dias, alegando “má conduta dos procuradores”. Os advogados acusavam-nos de terem escondido milhares de páginas de documentos sobre o caso, mas os procuradores reiteraram que não são relevantes e que a defesa devia ter atuado antes. O juiz decretou que a seleção do júri irá começar a 15 de abril naquele que será o primeiro processo criminal de Trump, que denunciou “interferência eleitoral”, já que o julgamento arranca em plena campanha para as presidenciais de novembro.