Diário de Notícias

Europa dependente dos Estados Unidos

Uma crónica especial para o DN dava conta do perigo que seria se os Estados Unidos retirassem os seus soldados da Europa, face ao poder atómico soviético. Neste dia, com o patrocínio do DN, era lançada a primeira pedra da Fundação Helen Keller.

- TEXTO ISABEL LARANJO

Tal como hoje, há 50 anos debatia-se a dependênci­a europeia dos Estados Unidos, face ao poder soviético. O risco das armas nucleares eram já uma evidência. “Se Washington retirar os seus soldados... A Europa não poderá resistir ao colosso atómico soviético sem a proteção nuclear americana”, titulava-se, na primeira página.

“Imaginemos o que poderia suceder se os Estados Unidos abandonass­em a Europa Ocidental à sua sorte. Não, não se trata de simples devaneio”, podia ler-se numa crónica especialme­nte escrita para o DN. “Já não é a primeira vez que se põe e não será certamente a última. Agora voltou-se a falar no assunto quando Nixon submeteu os seus Aliados europeus a uma espécie de duche escocês (primeiro água fria, depois para aliviar água quente) ao proferir dois discursos seguidos, um em Chicago, inquietant­e para os parceiros dos Estados Unidos na Aliança Atlântica, e o outro em Houston, muito mais moderado, para não dizer, reconcilia­dor e reconforta­nte”, continuava o texto.

A segurança da Europa poderia estar em causa, face à União Soviética. “Em causa, claro, a tão falada, a eventual, a hipotética, a possível, etc., retirada das tropas norte-americanas da Europa, qualquer coisa como uns 300 mil soldados que, desde 1945, garantem a segurança do Velho Mundo.”

No DN deste dia era dado grande destaque a uma nova obra, com o patrocínio deste jornal. “A primeira pedra do futuro edifício de Centro Infantil Helen Keller foi colocada hoje pelo chefe de Estado; A colaboraçã­o do Diário de Notícias para a concretiza­ção da benemérita obra foi posta em relevo pelo dr. Henrique Moutinho”, lia-se, num enorme título, acompanhad­o por foto do Presidente Américo Thomaz e outras individual­idades.

De Nova Iorque chegava a notícia de que o preço do petróleo deveria baixar: “O preço do petróleo baixará sob a pressão dos mercados mundiais”, lia-se em título, uma afirmação de William Simon, diretor da Agência Federal de Energia norte-americana.

Em Moscovo continuava Henry Kissinger que dava boas notícias. “Fortalecer­emos as relações pacíficas sovieto-americanas”, disse ao líder soviético Lionid Brejenv. Já a princesa Ana estava de partida para a Alemanha.

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