Diário de Notícias

Centristas querem ficar aparafusad­os ao Parlamento

Nuno Melo juntou históricos do partido num “momento emotivo e simbólico” em que realçou papel do CDS na vitória da AD.

- TEXTO LEONARDO RALHA

Amesma placa metálica que foi retirada há dois anos, quando o CDS-PP ficou pela primeira vez sem representa­ção parlamenta­r, na sequência das legislativ­as de 2022, foi ontem aparafusad­a pelo presidente do partido, Nuno Melo, na parede junto à porta da sala do líder do grupo parlamenta­r centrista. Ainda que o espaço não seja o que foi perdido aquando do desastre eleitoral, com os dois eleitos do CDS-PP nas listas da Aliança Democrátic­a agora instalados num corredor virado para o edifício novo da Assembleia da República, o “momento emotivo e simbólico” juntou históricos do partido.

Ao lado de Nuno Melo e de Paulo Núncio, os dois centristas eleitos deputados a 10 de março, mas que poderão ceder o lugar a outros candidatos se forem para o Governo de Luís Montenegro, estiveram os ex-presidente­s do partido Paulo Portas, José Ribeiro e Castro e Manuel Monteiro. E, entre muitas figuras marcantes, o histórico deputado Narana Coissoró, de 92 anos, que falou ao DN da importânci­a do regresso à Assembleia da República de um partido que ao longo dos anos “viveu altos e baixos”. Ele próprio foi um dos destacados protagonis­tas do “partido do táxi”, quando a primeira maioria absoluta do PSD de Cavaco Silva reduziu o então CDS a quatro deputados.

Sublinhand­o que o pedaço de metal que acabara de aparafusar “encerra a história de um partido que não se define por dois anos de ausência” da Assembleia da República, Melo disse que os centristas voltaram para ficar e para marcar a diferença em relação a partidos que se escusou a nomear – “dois deputados nossos valem por 50 de outros”, comentou, referindo o número de eleitos do Chega.

Também realçado pelo líder do CDS-PP foi o contributo do seu partido para o regresso do centro-direita ao poder, defendendo que “a vitória da Aliança Democrátic­a foi possível por causa dos votos do CDS”. Segundo Nuno Melo, “caso se subtraísse os votos que o CDS-PP teve em 2022, por exemplo, as coisas seriam diferentes”. Isto porque a coligação entre PSD, CDS-PP e PPM ficou pouco menos de 55 mil votos acima do PS nas legislativ­as de 10 de março (já incluindo aqueles que foram conseguido­s por uma coligação), enquanto os centristas tiveram 89 mil votos em 2022, apesar de terem obtido a sua pior votação de todos os tempos. E um resultado de 1,60% que levou à demissão de Francisco Rodrigues dos Santos, um dos ex-líderes vivos (juntamente com Assunção Cristas) ausentes da cerimónia.

“Estamos abertos a um entendimen­to. Se assim for, cá estaremos, se nos quiserem humilhar e espezinhar não estaremos disponívei­s.” André Ventura Presidente do Chega

“Aquilo que acontece aos olhos dos portuguese­s é que o acordo à direita não funcionou. Foi rasgado em menos de 24 horas.” Eurico Brilhante Dias Líder parlamenta­r do PS

“PS e Chega são responsáve­is por começarmos esta legislatur­a num ambiente indesejáve­l. O Chega não é um partido confiável.” Rui Rocha Presidente da Iniciativa Liberal

“Quando, aos 26 anos, entrei para esta Assembleia estava muito longe de imaginar que um dia me viria a acontecer isto, mas a vida tem destas partidas.” António Filipe Deputado do PCP, convidado para presidir aos trabalhos da primeira sessão

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Placa retirada do Parlamento em 2022 foi reposta por Nuno Melo.

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