Mudanças nos mercados mundiais de crenças religiosas até 2050
Em 2050, das 15 principais economias no mundo, apenas quatro terão uma população maioritariamente cristã – os EUA, o Brasil, o México e a Rússia.”
De acordo com pesquisas do Pew Research Center (e do World Economic Forum), até 2050 ocorrerão mudanças significativas nos mercados das crenças religiosas, em boa medida afetadas pela evolução demográfica. Embora haja outras previsões sobre o futuro da religião, “estas são as primeiras projeções demográficas formais usando dados sobre idade, fertilidade, mortalidade, migração e mudança de religião para vários grupos religiosos em todo o mundo”.
No subuniverso dos crentes, a primeira constatação é a concentração, com a posição dominante de duas crenças monoteístas – o cristianismo e o islamismo – que, no total, detêm hoje 65,3% deste subuniverso, prevendo-se que venham a deter 70,4% em 2050. São também as duas crenças que historicamente utilizaram Estados como instrumentos de “propagação da fé”, conquistando e submetendo povos à respetiva crença salvífica, que investiram na internacionalização do seu produto – com abundantes vagas de missionários e vasta implantação de templos e obra social à escala planetária – e, mais recentemente, apost(ar)am na comunicação de massas por via televisiva (ex: EUA e Brasil).
Os crentes cristãos continuarão a ser o maior mercado, passando de 2,17 mil milhões (mM) em 2010 para 2,92 mM em 2050 (mantendo 31,4% do total). Curiosamente, em 2050, 4 em cada 10 cristãos no mundo viverão na África Subsaariana. Nos EUA, os cristãos diminuirão de >3/4 da população em 2010 para 2/3 em 2050, e o judaísmo será ultrapassado pelo islamismo como a maior religião não-cristã.
Maiores taxas de fertilidade farão a população de muçulmanos crescer ainda mais rapidamente que a dos cristãos, de 1,6 mM em 2010 (23,2% do total) para 2,76 mM em 2050 (29,7% do total). Em 2050, 10% da população na Europa será muçulmana. Por volta de 2070, o número de crentes islâmicos no planeta deverá ultrapassar o de cristãos.
Os crentes hinduístas crescem (de 1,03 mM em 2010) para 1,38 mM em 2050, mas mantendo a percentagem global de 15%. A maioria da população da Índia continuará a ser hindu, mas este país também terá a maior população muçulmana do mundo, ultrapassando a Indonésia.
A população budista global terá em 2050 sensivelmente o mesmo número de seguidores que tinha em 2010 (0,49 mM), mas diminuirá de 7,1% do total em 2010 para 5,2% em 2050.
As religiões populares (folk), o sikhismo e o judaísmo crescem ligeiramente, mas mantendo pouca relevância (4,8%, 0,3% e 0,2%) em 2050. Hoje, seis das nações do G7 têm populações de maioria cristã. Em 2050, das 15 principais economias no mundo, apenas quatro terão uma população maioritariamente cristã – os EUA, o Brasil, o México e a Rússia. As outras megaeconomias em 2050 incluem cinco países de maioria muçulmana (Indonésia, Turquia, Arábia Saudita, Nigéria e Egito), um com uma maioria hindu (Índia), e cinco com níveis elevados de diversidade religiosa (China, Japão, Alemanha, França e RU).
O número global dos crentes continuará a superar largamente o dos não-crentes. Embora aumentem em países ocidentais (EUA, França, NZ), os não-crentes diminuem de 16,4% em 2010, para apenas 13,2% da população mundial em 2050. Numa era em que a Educação e o acesso ao conhecimento científico se generaliza(ra)m, não deixa de ser surpreendente a enorme quantidade de pessoas que necessitam de divindades na sua vida. E as incontáveis organizações que vivem da exploração dessa necessidade.