Diário de Notícias

Grande Lisboa é a zona do país com mais escassez de reservas de sangue

Instituto Português do Sangue e Transplant­ação apela às dádivas. Lisboa, por ter maior concentraç­ão de grandes hospitais, está mais exposta à falta de sangue.

- TEXTO ISABEL LARANJO

Celebra-se hoje o Dia Nacional do Dador de Sangue. O último Relatório de Atividade Transfusio­nal e Sistema Português de Hemovigilâ­ncia, do Instituto Português do Sangue e Transplant­ação (IPST), data de 2022. À época estavam inscritos 373 209 dadores de sangue mas somente 203 287 dadores realizaram dádiva de sangue.

A Região da Grande Lisboa será a mais afetada pela falta de sangue. “A gestão das reservas de sangue é feita em rede, a nível nacional. A zona da Grande Lisboa, face ao número de hospitais de grande dimensão, é uma área do território que, em primeira instância, requer uma maior atenção para a escassez de componente­s sanguíneos”.

O sangue é um elemento biológico essencial à vida e que não pode ser fabricado. Daí as dádivas serem essenciais. “O sangue não se produz artificial­mente, só o ser humano o pode doar. A dádiva de sangue é um ato voluntário, benévolo, altruísta e não-remunerado”, explica, ao DN, Maria Antónia Escoval, presidente do IPST.

Apesar de todas as campanhas continua a ser um bem escasso. “Na presente data, 25 de março [dia em que o DN interpelou o IPST] as reservas de sangue e componente­s sanguíneos do IPST situam-se entre os cinco dias para A positivo, 0 positivo e B negativo. Seis dias para 0 negativo e 40 dias para AB”, prossegue esta responsáve­l. “Os dias de reserva, consideran­do as existência­s nos hospitais, situam-se entre os dez dias para A positivo, 18 dias para 0 negativo e os 40 dias para AB positivo”.

Todos os dias são precisas novas dádivas, sobretudo tendo em conta que os homens só podem dar sangue de três em três meses e as mulheres de quatro em quatro. “Os hospitais portuguese­s precisam, em média, de 1100 unidades de sangue por dia para tratar os doentes”, afiança Maria Antónia Escoval. E recorda que o sangue tem prazo de validade. “Os componente­s sanguíneos têm uma validade limitada (concentrad­o eritrocitá­rio 42 dias e as plaquetas entre cinco a sete dias), pelo que a necessidad­e de componente­s sanguíneos é permanente”. E acrescenta, em jeito de apelo aos eventuais dadores: “Atualmente, os grupos mais deficitári­os são: A positivo, A negativo, 0 positivo e 0 negativo”.

Em caso de acidente ou situação de emergência, se não for possível determinar o grupo sanguíneo, há um que é “dador universal”, ou seja, serve para todos os doentes. “O dador universal é o 0 negativo, sendo que este é utilizado quando o doente só pode receber 0 negativo ou em emergência­s, em que não é possível determinar em tempo útil o grupo sanguíneo do doente”.

Mas, lá está, e mais uma vez em jeito de apelo, Maria Antónia Escoval sublinha: “Todas as pessoas saudáveis podem dar sangue e todos os tipos são necessário­s.”

No entanto, por muito boa vontade que se tenha, nem todas as pessoas podem ser dadoras de sangue. Maria Antónia Escoval indica quais os elegíveis para dadores: “As condições essenciais para ser dador de sangue são: ter entre 18 e 65 anos – o limite para a primeira dádiva são os 60 anos –, ter peso igual ou superior a 50 quilos e ter hábitos de vida saudável. A aprovação para a dádiva de sangue é feita no local da colheita por um profission­al de saúde qualificad­o.”

Neste dia enfatiza-se, ainda, a contínua falta de sangue. E os motivos são vários: “O sangue é um bem escasso obtido a partir de dádivas benévolas. Atualmente, existe um conjunto de situações que afetam diretament­e a estabilida­de das reservas de sangue: o envelhecim­ento da população, doenças emergentes, alterações climáticas e das dinâmicas sociais resultante­s do pós-pandemia, nomeadamen­te o alargament­o do teletrabal­ho.”

Por isso, o apelo sucessivo é para as dádivas. “O medo das agulhas é uma situação recorrente como obstáculo para a dádiva de sangue. Porém, caso o candidato esteja tranquilo e devidament­e hidratado, o desconfort­o da punção é transitóri­o e poderá fazer a sua dádiva normalment­e”, esclarece Maria Antónia Escoval.

“O medo das agulhas é (...) recorrente como obstáculo para a dádiva de sangue. Porém, caso o candidato esteja tranquilo (...) o desconfort­o da punção (...) é transitóri­o.” Maria Antónia Escoval Presidente do IPST

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“A dádiva de sangue é um ato voluntário, benévolo, altruísta e não remunerado”, lembra a presidente do IPST.

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