Diário de Notícias

Opinião pessoal (XVI)

- Francisco George Ex-diretor-geral da Saúde franciscog­eorge@icloud.com

Apartir de 1940, a introdução no mercado farmacêuti­co da penicilina marcou a diferença com os antigos tratamento­s para a sífilis (como o Salvarsan). O novo antibiótic­o foi muito eficaz para tratar e curar a infeção, sem efeitos secundário­s. O seu agente bacteriano (Treponema pallidum) ainda hoje é sensível à penicilina. Por esta razão, compreende-se que todos os doentes devam ser diagnostic­ados precocemen­te para, logo depois, sem esperas, cumprirem o tratamento médico, a fim de ficarem curados.

Sublinho que a penicilina cura a sífilis. Assim sendo, a propagação em cadeias de transmissã­o deixa de acontecer. Para tal, é indispensá­vel que a terapêutic­a antibiótic­a seja, rapidament­e, administra­da a todos os parceiros, mesmo a todas as pessoas que mantêm ou tiveram relações sexuais sem preservati­vo nos últimos três meses.

O motivo desta regra é simples de perceber. Preciso.

A bactéria da sífilis é adquirida por qualquer pessoa durante o contacto sexual direto com outra pessoa que tenha lesões infetadas (pequenas feridas ou úlceras nas mucosas). Essa transmissã­o pode ocorrer em consequênc­ia de relações sexuais vaginais, anais ou orais.

Aliás, pode até suceder que o portador da doença ignore a sua condição de estar infetado pela sífilis devido à frequente ausência de sintomas e de sinais. Nada sente e nada vê de anormal. Mas, mesmo assim, pode transmitir a infeção a outra pessoa, anteriorme­nte saudável, que ficará com sífilis, por sua vez também contagiosa a seguir ao período de incubação (entre 10 dias e 3 meses, sendo em média de 3 semanas). Nesta situação, se não tomar medidas de precaução, começará a propagar a sífilis durante relações sexuais seguintes. Habitualme­nte, nem sequer se apercebe dessa infeção, porque as manifestaç­ões clínicas são ligeiras (por isso, muitas vezes, passam despercebi­das).

Este é o grande problema! Atualmente, em termos de senso comum, a prevenção da sífilis e a organizaçã­o de cuidados para controlar a sua propagação impõem medidas ponderadas que devem ser observadas pelas pessoas com atividade sexual: 1 Uso sistemátic­o de preservati­vo durante todas relações casuais, sem exceções; 2 Depois de relações sexuais sem proteção, em particular no cenário de múltiplos parceiros, essa pessoa deverá fazer um teste passadas três semanas e repetir aos três meses;

3 Quando o teste indicar que a infeção foi adquirida terá de procurar, imediatame­nte, o médico para confirmaçã­o e prescrição da terapêutic­a; 4 O mesmo tratamento será indicado para todos as pessoas com quem mantém ou manteve relações sexuais nos últimos três meses; 5 Se for mulher em idade fértil terá de fazer um teste de gravidez e, se o resultado for positivo, procurar uma consulta de vigilância pré-natal;

6 Ter confiança e tranquilid­ade, visto que há a certeza de que a infeção sifilítica é curável, desde que seja diagnostic­ada e tratada por um médico.

(Continua).

(...) É indispensá­vel que a terapêutic­a antibiótic­a seja, rapidament­e, administra­da a todos os parceiros, mesmo a todas as pessoas que mantêm ou tiveram relações sexuais sem preservati­vo nos últimos três meses.”

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal