Diário de Notícias

Uma viagem pelo oceano e pela cor nas novas exposições do MAAT

O fotógrafo francês Nicolas Floc’h apresenta, pela primeira vez em Portugal, a exposição Mar Aberto e Luísa Jacinto expõe novas obras com Shining Indifferen­ce.

- TEXTO MARIANA DE MELO GONÇALVES

O “Oceano é o espaço principal do planeta. Então, para mim, é muito importante dar visibilida­de àquilo que não é apenas vida selvagem ou uma coisa antropocên­trica.” É desta forma que Nicolas Floc’h, fotógrafo francês que expõe pela primeira vez em Portugal, no MAAT, explica o seu trabalho, que estará disponível na Galeria 2 até 28 de agosto.

A exposição, intitulada Mar Aberto, arranca com fotografia­s de recifes artificiai­s, uma espécie de urbanizaçã­o subterrâne­a. Seguem-se imagens da costa britânica, as únicas fotografia­s da exposição com luz artificial. De seguida, viaja-se para o fundo do Rio Tejo e das águas dos Açores, passando pelo Golfo do México, e terminando no norte do Mississípi, nos Estados Unidos. “Trabalho na conexão entre Terra, Oceano, atmosfera e gelo. Por isso, nós começamos no continente europeu, acabando na América”, explicou Nicolas Floc’h ao DN, durante a visita de imprensa no MAAT.

Das peças expostas, destaca-se o painel de fotografia­s tiradas no Rio Tejo, intitulada A Cor da Água. Este é constituíd­o por 408 fotografia­s, mostrando as diferentes cores da água desde vermelho a azul. As imagens foram tiradas a uma distância de 2,7km num total de 95km. “Quando fotografám­os debaixo de água, dependendo de onde estávamos e da distância do fundo, havia diferentes cores. Essa cor conta-nos uma história sobre a paisagem e o território”, sublinhou o fotógrafo.

Na mostra, é ainda possível entrar numa sala, onde nas paredes pretas são projetados vídeos sem cor captados pelo fotógrafo debaixo de água. Apesar de não ser uma prática comum, Nicolas Floc’h decidiu exibir vídeos que fez para mostrar aos visitantes a escala real da vida nos oceanos e nos mares. “Isto dá uma sensação de imersão e movimento também, que não conseguimo­s ver nas fotografia­s. É muito diferente do vídeo. Foi uma forma de fazer sentir o fluxo e esse movimento, que é muito diferente”, explico o artista.

Shinning Indifferen­ce de Luísa Jacinto

Já a artista portuguesa Luísa Jacinto leva-nos a mergulhar num mundo de cor e luz com a exposição Shining Indifferen­ce no Cinzeiro 8, no MAAT Central, até 2 de setembro.

A exposição está divida em três séries de trabalhos. As obras chamadas Desconheci­dos ou Strangers apresentam películas de borracha sintética pintadas de cores vivas e com LED. Seguem-se os trabalhos Work in Space ou Trabalho no Espaço, com desenhos de linha de tecido. Para terminar, está instalada a peça Em Todo Lado, Em Lado Nenhum.

“Esta última peça é um diálogo entre dois véus pintados, que dá a sugestão de estarmos submersos. É quase um corpo celeste e pode ser o que nós quisermos”, diz a artista ao DN.

Nas peças, a borracha foi utilizada como tela. Para a artista, a utilização deste material foi um desafio. “Não sabia se era possível ir atrás desta transparên­cia e fazer um corpo de pintura interessan­te. Às vezes temos de abrir um bocadinho a mão das nossas intenções e aceitar o que é “, acrescenta.

Luísa Jacinto trabalhou com uma equipa da Artworks da Póvoa de Varzim para conseguir atingir estes resultados. “Juntamente com um técnico fizemos muitos testes, estragámos muito material e muito tempo até chegar a isto, porque ninguém tinha usado o material desta maneira.”

O preço dos bilhetes varia entre 8 e 11 euros.

A exposição de Luísa Jacinto está dividida em três séries:

Desconheci­dos com borracha sintética, Trabalho no Espaço com linha de tecido e a instalação Em Todo Lado, Em Lado Nenhum.

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A Cor de Água é uma peça composta por mais de 400 fotografia­s tiradas no Rio Tejo.

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