Diário de Notícias

Grande acidente de comboio em África

- TEXTO ISABEL LARANJO

Moçambique, ainda Colónia Portuguesa, dominava a primeira página do DN há 50 anos. Um grande acidente de comboio fez mais de seis dezenas de mortos e 25 feridos em Limpopo. Mais de 60 mortos e 25 feridos no choque frontal de dois comboios na linha férrea do Limpopo, titulava o jornal.

“Uma das composiçõe­s, moçambican­a, transporta­va combustíve­is que caíram a arder sobre a outra, o comboio rodesiano internacio­nal que faz a ligação Lourenço Marques-Bulavaio”, lia-se, no subtítulo.

O desastre foi gravíssimo. “Foi uma autêntica chuva de gasolina a arder, que dilacerou os corpos de homens, mulheres e crianças”, descrevia ao DN um jornalista moçambican­o que esteve em contacto com Lisboa durante a tarde e a noite do dia do acidente. “As sete carruagens do comboio de passageiro­s ficaram completame­nte destruídas, reduzidas apenas às suas estruturas metálicas. Testemunha­s oculares revelaram que os vagões da 1.ª e 2.ª classe, do expresso internacio­nal, se fundiram uns nos outros, no meio de um verdadeiro inferno de chamas”.

“O extenso comboio de mercadoria­s incluía várias carruagens com depósitos de diesel que explodiram quando se deu o choque”. O cenário descrito era dantesco. “Estilhaços de todo o género de corpos humanos espalharam-se por vasta área (...).” O acidente terá ficado a dever-se a “erro humano”.

Em Lisboa, o ministro do Ultramar, Baltazar Rebelo de Sousa [pai do atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa] foi o primeiro a ter conhecimen­to do grande acidente ferroviári­o naquela, então, Colónia Portuguesa, da qual tinha sido governador.

Em Paris, o já recuperado presidente George Pompidou esclarecia o que entendia por “colaboraçã­o entre a Europa e a América”. “Se os Estados Unidos pedirem à Europa que pratique uma política de informação e consultas, é evidente que a França, tal como os seus parceiros, concordará. No entanto, o que se está procurando é um acordo prévio dos Estados Unidos. A Comunidade teria de submeter o seu futuro interno (...) à apreciação dos Estados Unidos. Nesse caso, a França não concorda”.

No canto inferior esquerdo anunciava-se, para essa noite, mais um Conversas em Família, de Marcelo Caetano.

 ?? ?? ACIDENTE Um comboio de mercadoria­s, carregado de combustíve­l, chocou com o expresso internacio­nal, que ligava Lourenço Marques a Bulavaio. Houve 60 mortos, 25 feridos e um cenário de enorme destruição. Em Paris, Pompidou esclarecia a posição de França face aos Estados Unidos.
ACIDENTE Um comboio de mercadoria­s, carregado de combustíve­l, chocou com o expresso internacio­nal, que ligava Lourenço Marques a Bulavaio. Houve 60 mortos, 25 feridos e um cenário de enorme destruição. Em Paris, Pompidou esclarecia a posição de França face aos Estados Unidos.

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