Lucro da TAP mais do que duplicou para recorde de 177,3 milhões
Companhia fechou 2023 com receitas históricas de 4,2 mil milhões de euros. Prejuízos do 4.º trimestre beliscaram desempenho. Custos com trabalhadores foram os que mais subiram.
Foi um ano histórico para a TAP. A companhia liderada por Luís Rodrigues reportou lucros de 177,3 euros em 2023, que comparam com os 65,6 milhões de euros registados 2022, ou seja, uma melhoria de 111,7 milhões de euros face ao ano anterior, informou ontem a transportadora aérea em comunicado. Este foi o melhor resultado anual de sempre para a empresa que supera o seu melhor ano, 2017, no qual tinha atingido os 100 milhões de euros de lucros.
Ainda assim, os lucros do acumulado do ano ficaram beliscados pelo desempenho negativo dos últimos três meses de 2023, que registaram um prejuízo de 26,2 milhões de euros, depois do resultado positivo recorde até setembro de 203,5 milhões de euros. O aumento dos custos com os trabalhadores e com os gastos operacionais de tráfego justificam as contas no vermelho.
No exercício completo de 2023, as receitas aumentaram 20,9%, atingindo um resultado histórico de 4,2 mil milhões de euros, e o resultado operacional avançou para os 385,8 milhões de euros.
“Os bons resultados de 2023 confirmam o caminho de recuperação efetuado nos últimos anos pela TAP. Recorde de receitas, ultrapassando a marca dos 4 mil milhões de euros, margens operacionais robustas e resilientes, e uma clara trajetória de desalavancagem, confirmam a solidez financeira do grupo. O aumento da pontualidade e da regularidade na segunda metade do ano, bem como do NPS [Net Promoter Score, que mede a satisfação dos clientes], provam o foco da organização em executar um melhor serviço para os nossos passageiros. A assinatura dos novos acordos de empresa confirma o reconhecimento e o compromisso perante os nossos trabalhadores”, refere o CEO Luís Rodrigues na nota divulgada.
Estas são as primeiras contas anuais apresentadas pelo também chairman da transportadora, que assumiu o controlo da companhia a 14 de abril de 2023. Para Luís Rozando drigues, 2024 será “desafiante” e irá testar “o foco da organização”. “Necessitamos do compromisso de todos para estabelecermos a TAP como uma das empresas mais atrativas do setor”, adianta.
O EBITDA (resultados antes de juros, impostos, amortizações e depreciações) recorrente foi positivo no acumulado do ano, totali
817,6 milhões de euros, mais 113,4 milhões do que em 2022. Também o resultado operacional, medido pelo EBIT, foi positivo em 385,8 milhões, representando um aumento de 137,1 milhões de euros face ao ano anterior.
Já as receitas da companhia, que engordaram 730 milhões de euros para 4,2 mil milhões, cresceram à boleia das receitas dos passageiros, que atingiram os 3851,6 milhões de euros (+24,4%).
Em 2023, a TAP transportou 15,9 milhões de passageiros (+15,2%), atingindo 93% dos valores alcançados em 2019. A capacidade aérea cresceu 14,9%, para os 52,8 milhões de assentos disponíveis e “o número total de voos operados também aumentou 11,0%, atingindo 88% dos níveis pré-crise”.
O endividamento da companhia também melhorou. No final de 2023 a transportadora aérea tinha uma dívida líquida de 651,1 milhões de euros, menos 50 milhões de euros face a dezembro de 2022, o que representa um rácio de endividamento de 2,6 vezes o EBITDA, que compara com o rácio de 3,5 registado no final de 2022.
Custos com trabalhadores são os que mais sobem
Olhando para a fatura dos custos da TAP, os gastos operacionais avançaram 20% para os 3,9 milhões de euros. Foi a rubrica dos gastos com pessoal que mais disparou nas contas, aumentando 73,4% para os 722,6 milhões de euros. Recorde-se que foi em 2023 que caíram os cortes salariais impostos pelos Acordos Temporários de Emergência (ATE) assinados no âmbito do plano de reestruturação. Foi também no ano passado que a administração começou a assinar os novos acordos de empresa (AE) com os vários trabalhadores, tendo os pilotos sido os primeiros a dar luz verde ao documento, em julho.
A TAP encerrou o ano passado com mais 570 trabalhadores, num total de 7558.
Os gastos com a manutenção de aeronaves foram o segundo item com maior aumento, de 69,9%, atingindo os 56,1 milhões de euros.
Já o combustível continuou a ser a parcela com maior peso nos gastos, tendo custado à companhia 1114,8 milhões de euros, mais 1,7% em comparação com 2022. Ainda assim, a TAP conseguiu manter os custos em linha com o ano anterior. Em 2022, os gastos nesta parcela tinham triplicado.
Confrontado com os resultados da companhia, o primeiro-ministro cessante, António Costa, mostrou-se “muito satisfeito” e, sobre a privatização da empresa, considerou que seria “muito positivo” se pudesse ser feita “sem ser sob pressão”.
Para este ano, o presidente executivo da companhia assumiu que será “desafiante” e irá testar “o foco da organização”.