Diário de Notícias

Kiev acusa Rússia de torturar mais de 5600 civis ucranianos

Missão das Nações Unidas diz que as forças russas executaram pelo menos 32 prisioneir­os de guerra ucranianos durante o inverno.

- C.A.

ARússia torturou mais de metade dos 10 mil civis ucranianos que mantém em cativeiro, estimou o procurador-geral da Ucrânia. No dia em que visitou a região de Sumy, Volodymyr Zelensky voltou a pedir aos países aliados mais defesas aéreas e a entrega urgente de F-16.

O procurador-geral da Ucrânia, Andriy Kostin, em entrevista à Interfax-Ucrânia, disse que há uma estimativa de mais de 10 mil cidadãos “de certeza” detidos pela Rússia e entre estes cerca de 5600 pessoas foram torturadas, mas os números reais podem ser “muito superiores”.

“Estamos a falar apenas dos que foram deslocados à força e não dos que tomaram essa decisão por sua própria iniciativa”, esclareceu. Kostin disse ainda que foram descoberta­s 164 câmaras de tortura e centros de detenção forçada russos em território­s ucranianos libertados.

O procurador disse que o seu gabinete está a tentar elaborar uma lista com todos os capturados e instou as Nações Unidas a agirem, tendo sugerido uma resolução da Assembleia Geral da ONU sobre o assunto, a qual iria “pressionar o país agressor a libertar os civis e a trazê-los de volta para a Ucrânia”, afirmou.

Esta entrevista surge horas depois de um relatório da Missão de Observação dos Direitos Humanos da ONU na Ucrânia concluir que mais de 30 prisioneir­os de guerra ucranianos foram executados na Rússia durante o inverno. A missão registou 12 casos de execuções de pelo menos 32 prisioneir­os de guerra ucranianos capturados durante o inverno. Tendo como fonte 60 soldados ucranianos libertados do cativeiro, o relatório “verificou três destes incidentes em que militares russos executaram sete militares ucranianos fora de combate”.

Em sentido oposto, a missão recolheu de 44 prisioneir­os de guerra russos em cativeiro ucraniano relatos “credíveis” de tortura e de maus-tratos entre o campo de batalha e as instalaçõe­s prisionais. No entanto, não há registo de tortura nos centros de encarceram­ento.

Desde 2022 que as forças russas não atacavam Kharkiv com bombas lançadas de aviões. O ataque, na tarde de quarta-feira, atingiu uma zona residencia­l da segunda maior cidade ucraniana, tendo matado uma pessoa e ferido 19, quatro crianças incluídas, e causado estragos em 14 edifícios. Outros ataques no leste e no sul do país causaram pelo menos mais dois mortos.

O presidente ucraniano, que se deslocou ao norte do país, a Sumy, pediu aos aliados para ajudarem o seu país. “Reforçar a defesa aérea e acelerar a entrega de F-16 à Ucrânia são tarefas vitais. Não há explicaçõe­s racionais para o facto de os Patriots, abundantes em todo o mundo, ainda não estarem a cobrir os céus de Kharkiv e de outras cidades”, afirmou nas redes sociais.

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Zelensky foi ver as fortificaç­ões na região de Sumy (norte).

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