Netanyahu recua e já quer reunião em Washington
PM israelita cancelara encontro para discutir planos sobre Rafah na sequência da resolução do Conselho de Segurança da ONU.
Passado o choque pela abstenção dos EUA no Conselho de Segurança da ONU, o que permitiu ser aprovada uma resolução a exigir um “cessar-fogo imediato” em Gaza, o governo israelita voltou atrás no cancelamento de uma visita a Washington. Em paralelo, militares israelitas disseram a vários meios de comunicação que o Hamas não está destruído e que sem o apoio norte-americano esse objetivo não vai ser atingido.
Preocupado com os planos israelitas de avançar com uma operação militar em Rafah, o presidente norte-americano tinha pedido uma reunião, mas esta foi cancelada na sequência da abstenção dos EUA no Conselho de Segurança da ONU. “Surpreendente e infeliz”, foi como o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, comentou o cancelamento da visita dos israelitas. A indignação de Telavive durou poucas horas. O gabinete de Benjamin Netanyahu contactou a Casa Branca no sentido de se encontrar uma nova data para a reunião que teria ocorrido nesta quarta-feira com os israelitas Ron Dermer (ministro dos Assuntos Estratégicos) e Tzachi Hanegbi (presidente do Conselho de Segurança Nacional) com elementos da administração Biden. “Estamos a trabalhar em conjunto para encontrarmos uma data conveniente”, disse a porta-voz da Casa Branca Karine Jean-Pierre.
Nas últimas semanas, a vice-presidente Kamala Harris tem sido a voz do descontentamento dos EUA sobre a estratégia de Netanyahu em relação a Gaza. Nas mais recentes declarações, à ABC News, afirmou que uma invasão a Rafah, onde mais de 1,4 milhões de pessoas se amontoam, seria “um erro” e que tal teria consequências. Os funcionários da administração Biden querem explorar com Israel “alternativas” ao plano de ataque a Rafah. Além da questão humanitária que se agrava diariamente, os democratas estão também a fazer cálculos políticos. Na mais recente sondagem Gallup, revelada ontem, 55% dos norte-americanos opõe-se à guerra de Israel em Gaza, quando em novembro 45% tinha essa opinião. No campo democrata a oposição é maioritária: apenas 18% está de acordo com a operação militar.
Um militar israelita, em declarações ao The Telegraph, disse que o Hamas está apostado em sobreviver até ao verão, quando começa a campanha eleitoral nos Estados Unidos e o apoio a Israel deverá diminuir ainda mais. “A pressão está a aumentar sobre Israel para que se chegue a algum tipo de acordo, o que significa que o Hamas poderá sobreviver. Tanto o Hamas como os iranianos estão a jogar com isso”, disse ao jornal britânico. A vários jornalistas de meios internacionais, os militares afirmam ter “desmantelado” 20 dos 24 batalhões originais do Hamas e que os quatro batalhões restantes, “completamente operacionais”, estão em Rafah.
Rafah voltou a ser bombardeada, bem como a cidade de Gaza. As forças israelitas têm combatido os militantes do Hamas em três hospitais de Gaza e à sua volta: no al-Shifa, na cidade de Gaza, e nos últimos dias em unidades de saúde de Khan Yunis, al-Amal e Nasser. As forças israelitas dizem ter matado “dezenas de terroristas”.
Um militar israelita diz que o Hamas está apostado em sobreviver até ao verão, quando começa a campanha eleitoral nos EUA.